São João Paulo II
(22 de Outubro)
Em Wadowice, Polônia, no dia 18 de Maio de 1920, nascia um menino branco como a neve, a cor da paz, herdou o nome do pai, Karol Josef Woltyla. Sua infância e juventude não foram tão livre quanto ele foi no seu interior.
Aos nove anos ficou órfão da mãe Emília; aos 11 anos perdera seu irmão Edmundo e aos 21 anos, morria também seu pai. O jovem das dores se tornou o líder do consolo. Gostava de teatro, música popular, literatura e ainda chegou a jogar futebol como goleiro num time da cidade. Porém, suas melhores defesas fora a favor da paz, das mulheres, dos jovens e dos pobres.
Em 01 de novembro de 1946, aos 26 anos, fora ordenado sacerdote católico pelo cardel-arcebispo da Cracóvia, Adam Stefan Sapieha. A partir daí começou sua história e ascensão religiosa, conforme a vontade de Deus. Doze anos mais tarde, foi nomeado Bispo Auxiliar da Crócavia, em 04 de Julho de 1958, e dois meses mais tarde Bispo, em 29 de Setembro. No dia 13 de Janeiro de 1964, fora nomeado Arcebispo da Crócavia.
Depois Woltyla participou do Concílio Vaticano II onde colaborou na redação de documentos importantíssimos para a história da Igreja Católica: o Dignitates Humanae (Declaração sobre a liberdade religiosa) e a Gaudium et Spes (Constituição Pastoral sobre a Igreja e o mundo de hoje). Até que, no dia 26 de Junho de 1967, o Papa Paulo IV nomeou Cardeal.
Aos 58 anos de vida, em 16 de outubro de 1978 foi eleito Papa pelo conclave, Sumo Pontífice da Igreja Católica, Una e Santa, adotando o nome de PAPA JOÃO PAULO II, e homenagem ao seu antecessor João Paulo I, que falecera de forma inesperada com 33 dias de Pontificado (o 11° mais curto da história).
João Paulo II foi eleito como o primeiro Papa Polonês e o primeiro não italiano em 455 anos desde Adriano VI (1522-1523). Liderou a Igreja por 26 anos e seis meses, o segundo mais longo Pontificado da história, atrás apenas do Pio IX.
O mais importante de tudo não são os dados históricos, mas os atos concretos que ele realizou ao longo do seu Pastoreio.
Homem de profunda oração e muito sábio, sempre procurou a paz e a unidade, foi o Papa que mais fez viagens apostólicas, percorrendo o mundo em busca de promover a paz. Foi o mensageiro mais ousado do século XX, suas realizações e escritos são pérolas preciosas. Foi o Papa mais popular da história. Pregou numa Igreja Luterana e numa Mesquita (em Damasco, Síria). Visitou o Muro das lamentações, em Jerusalém, pediu perdão dos erros que a “Igreja” cometeu no passado em sua história. 1
Com sua coragem criticou fortemente o Comunismo Soviético, na década de 80, a aproximação da Igreja com o Marxismo nos países em desenvolvimento, e a teologia da Libertação.
Foi um grande promotor da aproximação da Igreja Católica com várias outras religiões. Procurou a reconciliação com os judeus, em 2000. Amigo da Paz, foi motivado do diálogo inter-religioso e do ecumenismo com a Igreja Ortodoxa, separada desde o cisma de 1054.
Seu pontificado foi marcado como sendo ele um grande escritor. Além de artista-cantor. Ao todo, o riquíssimo depósito de formação espiritual, doutrinal e humana que nos deixou, contam com 14 encíclicas, 9 exortação apostólicas, além de outras cartas aos jovens, aos artistas, as mulheres, ás família, entre outros documentos, homilias e pronunciamentos. Mas nem tudo foram flores e alegrias em sua vida. O bom homem sofreu bastante com alguns incidentes e sua saúde. Aos 40 anos foi atropelado por um caminhão militar alemão, em Cracóvia e sofreu uma fratura no crânio. Em 13 de Maio de 1981, foi vítima de um atentado na Praça de São Pedro, por parte do turco Ali Agca, quando se recuperou deste fato que foi conhecido mundialmente ainda visitou o criminoso na cadeia e o perdoou. Foi internado outras vezes sofrendo por tumor do Cólon e da vesícula biliar; outra vez por que caiu e fraturou uma omoplata (1993) e depois fraturou o fêmur noutra queda (1994). Ainda mais, sofreu de apêndice (1996), artrose no joelho direito (2002). Como se não bastasse, o mundo viu que desde os anos 90, quando contava mais de 70 nos foi ainda atingido pelo mal de Parkinson.
O amigo de Deus, que lutava pela unidade e pela Paz, amava os jovens, as crianças, defendia o direito e a dignidade das mulheres e dos negros, zelava pela moral cristã, pastoreou a Igreja de Cristo com sua vida e sofreu o martírio incruento, dia após dia e nunca mais será esquecido na história da humanidade. Viveu o amor, foi amor!
As 21h37min, hora de Roma, no dia 02 de Abril de 2005, aos 84 anos (próximo de seu aniversário), o amado mensageiro expirou. Quando vi o noticiário, confesso senti como se tivesse falecido meu pai, um dos meus melhores amigos, tal o amor, respeito e admiração (que ainda tenho!) por este santo homem.
O processo de beatificação foi aberto em 28 de Junho de 2005 por seu sucessor e no dia 01 de Maio de 2011, poucos minutos antes das 10h00, o Papa Bento XVI proferiu a fórmula da beatificação, em latim, justificando o ato como um pedido «da diocese de Roma, de muitos outros irmãos no episcopado e muitos fiéis». João Paulo II, Papa, passou a ser chamado de Beato. As cerimônias começaram com o pedido de beatificação apresentado pelo cardeal Agostino Vallini, vigário-geral para a Diocese de Roma. Na sua alocução, o vigário traçou brevemente o perfil do Papa polaco, sublinhando a sua luta contra o regime nazista, entre 1940 e 1944.
A leitura da biografia, entrecortada pelas manifestações dos presentes, apresentou de João Paulo II como um papa capaz de «escutar e dialogar» não com os católicos, mas também com as «Igrejas cristãs», os «crentes no único Deus» [referência a judeus e muçulmanos] e os «homens de boa vontade», relatou a agência Ecclesia. Seguiu-se a colocação das relíquias – uma ampola com sangue de João Paulo II – junto ao altar, transportadas por duas religiosas, a irmã Tobiana, assistente pessoal e enfermeira do Papa polaco, e a religiosa Marie Simon-Pierre, cuja cura da doença de Parkinson, considerada miraculosa, encerrou o processo de beatificação em Janeiro.
O novo beato foi então proclamado, prosseguindo a missa na Praça de são Pedro. João Paulo II foi um verdadeiro profeta, um sábio doutor para a Igreja e o mundo todo, sem sombra de dúvida, pois com sua humildade e liderança levou a Igreja a beber o manancial da amizade eterna, fez acontecer por atos concretos à renovação da Igreja, a luz do Concílio Vaticano II. Entre suas mais significativas decisões posso citar algumas: aprovou o novo CDC (Código do Direito Canônico) pra a Igreja Latina (25/01/1983); aprovou os Códigos dos Cânones da Igreja Oriental (18/10/1990); declarou Santa Teresinha do Menino Jesus, a 33ª Doutora da Igreja (19/10/1997); determinou a devolução do Ícone de “Nossa Senhora do Kasan”, a “Theotokos” (Mãe de Deus),2 à Igreja Ortodoxa Russa (28/08/2004); aprovou o novo CIC (Catecismo da Igreja Católica) em 07/12/1992; entre outras inúmeras decisões importantes.
Por nove anos aguardamos sua canonização. Porém, hoje noVaticano, 27 de abril de 2014, a atual Papa Francisco dá um presente histórico para a Igreja de Cristo que ganha um novo capítulo com as canonizações dos dois Papas: João Paulo II e João XXIII, outro homem venerável.
O Cardeal Vallini3 enfatizou a verdadeira dimensão deste grande evento: “É essencialmente uma mensagem espiritual, porque é a festa da santidade. A relação que João XXIII e João Paulo II tiveram com a Igreja de Roma, da qual eram bispos, é uma relação muito profunda, começando pelo estilo com o qual eles exerceram seu ministério, um estilo de proximidade, acolhimento e atenção para com as pessoas”, destacou o Vigário do Papa para a Diocese de Roma.
É realmente um ato extraordinário da Igreja. A missa de canonização terá início às 10 horas (5h em Brasília), presidida pelo Papa Francisco e concelebrada por elevado número de cardeais e centenas de bispos. Cinco mil os padres que terão lugar assegurado. Dá-se como certo que será convidado o Papa emérito, mas falta saber se participará. No domingo de tarde, os peregrinos poderão venerar os dois novos santos, desfilando em oração junto dos túmulos situados sob dois altares da basílica de São Pedro.
O novo Santo ganhou ainda mais um lindo presente em memória, no dia 07 de Abril de 2014, foi inaugurado um museu na casa onde ele nasceu em Wadowice (sul da Polônia). Uma nova exposição modernizada e equipada com inúmeras instalações multimídia.
Gostaria de redigir aqui seus mais importantes pronunciamentos, mas creio eu que um livro inteiro ainda é pouco para isso, ainda assim eu ouso a deixar algumas singelas e significativas frases suas:
O cristão que participa da Eucaristia aprende dela a fazer-se promotor de comunhão, de paz, de solidariedade, em todas as circunstancias da vida.”
“O santo é o testemunho mais esplendido da dignidade conferida ao discípulo de Cristo (…) Hoje, como nunca, urge que todos os cristãos retomem o caminho da renovação evangélica, acolhendo com generosidade o convite apostólico de ser santo em todas as ações”.4
“Verdadeiramente o Espírito santo é o protagonista de toda a missão eclesial (…) por sua ação de Boa-Nova ganha corpo nas consciências e nos corações humanos, se expandido na história. Em tudo isso, é o Espírito santo que da a vida”5
“A família é a via da família (…) Um dos campos onde a família é insubstituível, é certamente o da educação religiosa, graças a qual a família cresce como <<igreja domestica>>”.6
“(…) Quem tiver notado em si mesmo esta espécie de centelha divina que é a vocação artística e peta, escritor, pintor, escultor, arquiteto, músico, ator… – adverte ao mesmo tempo a obrigação de não desperdiçar este talento, mas de desenvolver para colocá-lo a serviço o próximo e de toda a humanidade”.7
João Paulo II, amigo de Cristo, amigo dos amigos de Nossa Senhora, mãe de Deus, amigo dos “inimigos” da Igreja, amigo do povo de Deus, amigo da unidade e da Paz… Rogai por nós!
Fonte: Paraclitus