segunda-feira, 28 de novembro de 2016

"Adote um cristão de Mosul": relançada campanha pela AsiaNews




Distribuição de roupas para refugiados de Mosul - AP
28/11/2016 17:03


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Roma (RV) – Querosene para aquecer os contêiners; roupas para proteger do frio; alugueis mensais para as famílias dos refugiados; abonamentos para o transporte escolar. Estas são algumas das necessidades dos refugiados de Mosul e da Planície de Nínive, que há dois anos vivem no Curdistão, fugidos da violência dos jihadistas do Daesh.


Entre eles reina a tensa espera pelos desdobramentos da batalha contra o Estado Islâmico pela reconquista de Mosul e da Planície do Nínive. A cada novo dia, registra-se uma mistura de alegria e lágrimas. Alegria pelo avanço das tropas iraquianas, com a libertação de muitos povoados e cidades, e as lágrimas pelas imagens da destruição de igrejas e moradias por obra dos jihadistas. Lágrimas também pelas numerosas histórias de mulheres abusadas e massacres.


"Adote um cristão de Mosul", relançada campanha


Nestes dias chegou à Agência AsiaNews um novo apelo por parte do Padre Samir Youssef, pároco da Diocese de Amadiya (Curdistão), que desde 2014 atende pessoalmente 3.500 famílias de refugiados cristãos, muçulmanos, yazidis.


Em resposta, a Agência faz um ulterior pedido para a campanha em favor dos refugiados, especialmente em função da chegada do inverno, sempre na esperança de um breve retorno às suas casas e terras.


Logo após a tomada de Mosul, a Asianews havia lançado a campanha “Adote um cristão de Mosul”, para responder à emergência e às necessidades mais imediatas dos refugiados. A campanha teve continuidade diante das dificuldades enfrentadas por mais de 500 mil refugiados cristãos, yazidis e muçulmanos. Os cristãos do Brasil estiveram entre os que mais colaboraram.


Com o avanço do exército iraquiano contra o Estado Islâmico em Mosul, uma nova onda de refugiados está em curso. A ONU calcula que podem chegar a 1,5 milhões.


Diante desta quadro, a AsiaNews decidiu relançar a campanha “Adote um cristão de Mosul”, pedindo a todos um gesto de boa-vontade neste Natal.


As modalidades de doação podem ser conferidas no link:


http://www.asianews.it/notizie-it/-%22Adotta-un-cristiano-di-Mosul%22:-il-dono-di-Natale-per-attraversare-l'inverno-39221.html.


(JE)

Francisco: levar avante a luz da fé, toda máfia é obscura

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco iniciou a semana celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta na manhã desta segunda-feira (19/09). Em sua homilia, o Pontífice se inspirou no Evangelho do dia, extraído de Mateus, para falar da luz da fé e dos perigos que podem apagá-la.

“Proteger a luz – disse – é proteger algo que nos foi dado como dom. E se somos luminosos, somos luminosos neste sentido: por ter recebido o dom da luz no dia do Batismo”. O Papa recordou que “nos primeiros séculos da Igreja, assim como em algumas Igrejas orientais, ainda hoje o Batismo se chama a Iluminação”.
Toda máfia é obscura
Francisco prosseguiu dizendo que esta luz não deve ser encoberta. “Se você cobre esta luz, de fato, “se torna morno ou simplesmente” um “cristão de nome”. A luz da fé, disse ainda, “é uma luz verdadeira, que Jesus nos dá no Batismo”, “não é uma luz artificial, uma luz maquiada. É uma luz suave, serena que não se apaga mais”.
Francisco então falou de uma série de comportamentos que podem esconder esta luz, recordando os conselhos que o Senhor nos oferece justamente para que esta luz não se torne obscura. Antes de tudo, exortou, “não deixar esperando quem necessita”:
A luz da fé, disse ainda, “é uma luz verdadeira, que Jesus nos dá no Batismo”, “não é uma luz artificial, uma luz maquiada. É uma luz suave, serena que não se apaga mais”, disse o Papa
“Jamais adiar: o bem…o bem não tolera ficar na geladeira: o bem é hoje, e se você não o fizer hoje, amanhã não haverá. Não esconder o bem para amanhã: isso de ‘vai, passa depois, o darei amanhã’ encobre fortemente a luz; e também é uma injustiça… Outro modo – são conselhos para não encobrir a luz: não tramar o mal contra o seu próximo, pois ele confia em você. Mas quantas vezes as pessoas têm confiança numa pessoa e esta trama o mal para destruí-la, para sujá-la, para que seja ignorado… É o pequeno pedacinho de máfia que todos nós temos à mão; quem se aproveita da confiança do próximo para tramar o mal é um mafioso! ‘Mas, eu não pertence a …’: mas esta é máfia, se aproveitar da confiança … E isso encobre a luz. Faz com que se torne obscura. Toda máfia é obscura”!
Não invejar os potentes
O Papa então destacou a tentação de sempre brigar com alguém, o prazer de brigar até com quem não nos fez “nada de mal”. “Sempre – constatou – procuramos alguma coisa para brigar. Mas no final brigar cansa: não se pode viver. É melhor deixar passar, perdoar”, “fingir não ver algumas coisas... não brigar continuamente”.
“Um outro conselho que este Pai dá aos filhos para não cobrir a luz: ‘Não invejem o homem violento e não se irritem por todos os seus sucessos, porque o Senhor tem horror do pervertido, enquanto a sua amizade – do Senhor – é para os justos’. E muitas vezes, nós, alguns, temos ciúme, inveja daqueles que têm coisas, que têm sucesso, o que são violentos... Mas repassemos um pouco a história dos violentos, dos potentes... É tão simples: os mesmos vermes que nos comerão, comerão eles também; os mesmos! No final seremos todos iguais. Invejar, ah!, o poder, ter ciúmes… isto cobre a luz”.


Francisco celebra a Eucaristia
Luz da fé
Neste ponto, disse o Papa, fica o conselho de Jesus: “Sejam filhos da luz, e não filhos das trevas; sejam guardiões da luz que lhes foi dada no dia do Batismo”. E ainda: “não a escondam debaixo da cama”, mas “cuidem da luz”. E para proteger a luz, destacou, existem estes conselhos para serem praticados todos os dias. “Não são coisas estranhas, todos os dias vemos estas coisas que encobrem a luz”.
“Que o Espírito Santo, que todos nós recebemos no Batismo, nos ajude a não cair nestes brutos hábitos que encobrem a luz, e nos ajude a levar adiante a luz recebida gratuitamente, aquela luz de Deus que faz tão bem: a luz da amizade, a luz da mansidão, a luz da fé, a luz da esperança, a luz da paciência, a luz da bondade”.
(bf/rb)

Francisco convida cientistas a se aliarem na defesa do meio ambiente


Papa destaca papel essencial dos cientistas no cuidado com o meio ambiente - AP
28/11/2016 10:58

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã de segunda-feira (28/11), os membros da Pontifícia Academia das Ciências que participam de sua Plenária sobre o tema da sustentabilidade.


Em seu discurso, o Pontífice ressaltou que nunca como agora é evidente a missão da ciência a serviço de um novo equilíbrio ecológico global. De modo especial, ressaltou a renovada aliança entre a comunidade científica e a comunidade cristã para proteger a casa comum, “ameaçada pelo colapso ecológico e pelo consequente aumento da pobreza e da exclusão social”.

Citando a Encíclica Laudato si’, o Papa falou da necessidade de uma “conversão ecológica”, que requer, de um lado, a plena assunção da responsabilidade humana para a com a criação e os seus recursos e, de outro, a busca da justiça social e a superação de um sistema injusto que produz miséria, desigualdade e exclusão.

Novo modelo

Para Francisco, cabe antes de tudo aos cientistas – livres de interesses políticos, econômicos e ideológicos – construir um modelo cultural para enfrentar a crise das mudanças climáticas e de suas consequências. Do mesmo que foi capaz de estudar e demonstrar a crise do planeta, hoje a categoria é chamada a construir uma liderança que indique soluções nos campos hídrico, das energias renováveis e da segurança alimentar.

Os cientistas, acrescentou, podem colaborar num sistema normativo que inclua limites invioláveis e garanta a proteção dos ecossistemas, antes que as novas formas de poder produzam danos irreversíveis não somente ao meio ambiente, mas também à convivência, à democracia, à justiça e à liberdade.

O Pontífice criticou a submissão da política à tecnologia e à finança, que buscam o lucro acima de tudo. Esta submissão é demonstrada pelo atraso na aplicação dos acordos mundiais sobre o meio ambiente, além das contínuas guerras de predomínio disfarçadas de nobres reivindicações, que causam sempre mais prejuízos à natureza e à riqueza moral e cultural dos povos.

Não obstante isso, exortou o Papa, “não percamos a esperança e vamos aproveitar o tempo que o Senhor nos dá”, pois existem inúmeros sinais encorajadores de uma humanidade que quer reagir, escolher o bem comum e regenerar-se com responsabilidade e solidariedade.

Plenária

“Ciência Sustentabilidade. Impacto dos conhecimentos científicos e da tecnologia sobre a sociedade humana e sobre o meio ambiente” é o tema da Plenária deste ano da Academia.

Desde o dia 25, os membros são convidados a refletir sobre como os avanços científicos já alcançados ou ainda a serem descobertos podem impactar de maneira positiva ou negativa no desenvolvimento sustentável das sociedades e em seu meio ambiente.

Universidade de São Paulo

O único brasileiro membro da Pontifícia Academia é o Professor da Universidade de São Paulo (USP), Vanderlei Bagnato. Em sua palestra, em 29 de novembro, Dr. Bagnato desenvolverá o tema “Novas formas fotônicas para controlar infecções locais em crianças - Evitando a catástrofe antibiótica”

Papa: a fé cristã não é uma teoria, mas é o encontro com Jesus


Francisco durante a celebração - ANSA
28/11/2016 10:37

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Cidade do Vaticano (RV) – A fé cristã não é uma teoria ou uma filosofia, mas é o encontro com Jesus. Foi o que destacou o Papa celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta na segunda-feira (28/11), no início do Tempo do Advento.


Em sua homilia, o Pontífice observou que neste período do Ano, a Liturgia nos propõe inúmeros encontros de Jesus: com a sua Mãe no ventre, com São João Batista, com os pastores, com os Magos. Tudo isso nos diz que o Advento é “um tempo para caminhar e ir ao encontro com o Senhor, isto é, um tempo para não ficar parado”.



Oração, caridade e louvor: assim encontraremos o Senhor

Eis então que devemos nos perguntar como podemos ir ao encontro de Jesus. “Quais são as atitudes que devo ter para encontrar o Senhor? Como devo preparar o meu coração para encontrar o Senhor?”, questinou o Papa.

“Na oração no início da Missa, a Liturgia nos fala de três atitudes: vigilantes na oração, operosos na caridade e exultantes no louvor. Ou seja, devo rezar com vigilância; devo ser operoso na caridade – a caridade fraterna: não somente dar esmola, não; mas também tolerar as pessoas que me incomodam, tolerar em casa as crianças quando fazem muito barulho, ou o marido ou a mulher quando estão em dificuldade, ou a sogra... não sei .. mas tolerar: tolerar … Sempre a caridade, mas operosa. E também a alegria de louvar o Senhor: ‘Exultantes na alegria’. Assim devemos viver este caminho, esta vontade de encontrar o Senhor. Para encontrá-lo bem. Não ficar parados. E encontraremos o Senhor”.

Porém, acrescentou o Papa, “ ali haverá uma surpresa, porque Ele é o Senhor das surpresas”. Também o Senhor “não está parado”. Eu, afirmou Francisco, “estou em caminho para encontrá-Lo e ele está em caminho para me encontrar. E quando nos encontramos, vemos que a grande surpresa é que Ele está me procurando antes que eu comece a procurá-lo”. 

O Senhor sempre nos precede no encontro

“Esta é a grande surpresa do encontro com o Senhor. Ele nos procurou por primeiro. É sempre o primeiro. Ele percorre o seu caminho para nos encontrar”. Foi o que aconteceu com o Centurião: 

“O Senhor vai sempre além, vai primeiro. Nós fazemos um passo e Ele faz dez. Sempre. A abundância de sua graça, de seu amor, de sua ternura não se cansa de nos procurar, também, às vezes, com coisas pequenas: Pensamos que encontrar o Senhor seja algo magnífico, como aquele homem da Síria, Naamã, que tinha hanseníase: E não é simples. Ele também teve um surpresa grande da maneira de Deus agir. O nosso é o Deus das surpresas, o Deus que está nos procurando, nos esperando, e nos pede somente o pequeno passo da boa vontade.”

Devemos ter a “vontade de encontrá-lo”. Depois, Ele “nos ajuda”. “O Senhor nos acompanhará durante a nossa vida”, disse o Papa. Muitas vezes, irá nos ver distanciar Dele, e nos esperará como o Pai do Filho Pródigo. 

A fé não é saber tudo sobre dogmática, mas encontrar Jesus

“Muitas vezes”, acrescentou o pontífice, “verá que queremos nos aproximar e sairá ao nosso encontro. É o encontro com o Senhor: isto é importante! O encontro. “Sempre me impressionou o que o Papa Bento XVI disse: que a fé não é uma teoria, uma filosofia, uma ideia: é um encontro. Um encontro com Jesus”. Caso contrário, “se você não encontrou a sua misericórdia pode até rezar o Credo de cor, mas não ter fé”: 

“Os doutores da lei sabiam tudo, tudo sobre a dogmática daquele tempo, tudo sobre a moral daquele tempo, tudo. Não tinham fé, porque o seu coração tinha se distanciado de Deus. Distanciar-se ou ter o desejo de ir ao encontro. Esta é a graça que nós hoje pedimos. Ó Deus, nosso Pai, suscite em nós a vontade de ir ao encontro de Cristo, com as boas obras. Ir ao encontro de Jesus. Por isso, recordamos a graça que pedimos na oração, com a vigilância na oração, operosos na caridade e exultantes no louvor. Assim, encontraremos o Senhor e teremos uma linda surpresa.”

(BF/MJ)

No Advento, ampliar os horizontes e estar prontos para mudar


Milhares participaram do encontro com o Papa para a oração do Angelus - REUTERS
27/11/2016 12:32

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Cidade do Vaticano (RV) – O início do tempo do Advento foi o tema da reflexão do Papa Francisco neste domingo, 27 de novembro. “Um novo caminho de fé em que o povo de Deus vai ao seu encontro e Ele vem até nós”, como definiu o Pontífice.


As contínuas vindas do Senhor 

O Evangelho de Mateus explica que depois da primeira visita do Senhor à humanidade, com o nascimento de Jesus na gruta de Belém; a segunda acontece no presente. Dirigindo-se aos fiéis, turistas e romanos presentes na Praça São Pedro, o Papa disse que “o Senhor nos visita continuamente, todo dia, caminha ao nosso lado, é uma presença de consolação”. 

Mateus, narrando o dilúvio, ressalta o contraste entre a rotina cotidiana e a vinda repentina do Senhor. Ficai atentos e preparados! É sempre surpreente pensar nas horas que precedem uma grande calamidade: fazemos as coisas de sempre sem perceber que nossa vida está para se transformar. 

Não deixar-se dominar pelas coisas do mundo

“A partir desta perspectiva, surge também um convite à sobriedade, a não nos deixarmos dominar pelas coisas deste mundo, pelas realidades materiais, mas sim a governá-las. Quando, ao contrário, nos deixamos condicionar e dominar por elas, não conseguimos perceber que há algo muito mais importante: o nosso encontro com o Senhor que vem para nós. É um convite à vigilância, porque não sabendo quando Ele virá, é preciso estar sempre prontos para partir”. 

Finalizando, Francisco recomendou: 

“Neste tempo de Advento, somos chamados a ampliar o horizonte de nosso coração, a deixarmo-nos surpreender pela vida que apresenta a cada dia suas novidades. Para isso, é preciso aprender a não depender de nossas seguranças, de nossos esquemas demarcados, porque o Senhor vem na hora que não imaginamos. Vem para nos conduzir a uma dimensão mais bonita e maior”. 

O Papa rezou a oração do Angelus e abençoou os presentes, desejando a todos um bom tempo de Advento e pedindo orações por ele.

Editorial: Força de mudança


Fim de tarde em Roma
26/11/2016 08:30

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Cidade do Vaticano (RV) – “Este é o tempo da misericórdia”: é o que reafirma o Papa Francisco na sua Carta Apostólica “Misericórdia e mísera”, publicada no início desta semana por ocasião da conclusão do Jubileu. Além de uma ampla reflexão sobre a misericórdia, o Papa neste texto apresenta quatro principais novidades: todos os sacerdotes terão de agora em diante, até segunda ordem, a faculdade de absolver quem se manchou com o pecado do aborto; os Missionários da Misericórdia prosseguirão assim o seu ministério; os fiéis que frequentam a Fraternidade São Pio X poderão continuar a receber validamente a absolvição sacramental; e enfim, a instituição do Dia Mundial dos pobres.


“Como desejo que os anos futuros sejam cheios de misericórdia, para que cada pessoa encontre a bondade e a ternura de Deus”!, escreveu Francisco nos dias passados no seu tweet.

Após a sua publicação, a Carta Apostólica do Papa continua a suscitar comentários e certamente entre as novidades mais debatidas está a faculdade concedida a todos os sacerdotes de absolver o pecado do aborto. Mas o que chamou a atenção nesta semana foi a deformação, a má informação, o uso errado de alguns meios de comunicação sobre o que escreveu o Pontífice.

Sim porque os meios de comunicação, e não foram poucos, não prestaram um correto serviço de informação, como se o Papa tivesse banalizado ou desclassificado o aborto como pecado grave. E isso é verdade exatamente ao contrário: - como disse nos dias passados bispo italiano Dom Paglia -, precisamente porque concede o perdão significa um diálogo, uma consciência, uma decisão de não repetir mais aquilo que fez. E neste sentido, ampliar aos sacerdotes uma faculdade que antes era somente dos bispos, quer dizer dar maior possibilidade a quem realizou este gesto terrível de compreender a gravidade daquilo que fez e, portanto, de poder mudar de vida, e não fazer mais.

Neste sentido o Papa Francisco – como sabemos muito bem, consciente da gravidade -, quer oferecer o modo melhor para impedir que este ato se repita. Certamente, ter uma maior possibilidade de aceder a um remédio mais forte, ajuda quem é fraco a não cair. Portanto, precisamente porque é um ato muito grave é necessário uma extraordinária concessão da Misericórdia.

Como reafirmou também Dom Fisichella, responsável pela organização do Jubileu, o aborto é um pecado grave porque põe fim a uma vida inocente. Com a mesma força afirmou que não existe nenhum pecado que a misericórdia não possa alcançar e destruir quando encontra um coração arrependido que procura reconciliar-se com Deus. “Então, não há nenhuma forma de laxismo”. Há, sim, uma forma com a qual a pessoa é consciente da gravidade do pecado, mas se arrependeu e quer se reconciliar com o Senhor.

O coração do documento é dar novamente força de mudança à Misericórdia. E a Misericórdia já não é uma palavra abstrata: na realidade, é a força de Deus que muda a história dos homens, afirma Francisco. Por isso, o Papa exorta a acolhê-la e a distribui-la a todos, porque quem a acolhe não fica indiferente, não permanece igual ao que era antes.

O Santo Padre no seu texto sublinha que nenhum pecado é tão grande que possa criar um obstáculo que impeça receber o abraço do Pai e, portanto, o perdão. Em síntese, afirma que todo o pecado é repleto de morte, mas também é verdade que a misericórdia, que é encharcada de graça, é mais forte de cada pecado.

O valor de redenção do Ano da Misericórdia é dar a todos a possibilidade de mudar. Francisco ainda relançou o tema da Palavra. A âncora da Palavra, o Dia da Palavra, que cada diocese deverá escolher o seu dia, junto com o Dia dos Pobres. Serão 24 horas para o Senhor e gestos de misericórdia que cada sacerdote poderá fazer, repletos de graça e de benção.

Celebramos um Ano intenso – escreveu Francisco na sua Carta Apostólica -, durante o qual nos foi dada em abundância a graça da misericórdia. “Como um vento impetuoso e saudável, a bondade e misericórdia do Senhor se derramaram sobre o mundo inteiro”. Agora é necessário prosseguir nesta estrada que indica sempre novas trilhas a serem percorridas para levar a todos o Evangelho que salva.

“É o momento – acrescenta o Papa – de dar espaço à fantasia da misericórdia”, que através da simplicidade de pequenos gestos cotidianos, sinais concretos de bondade e ternura dirigidos aos mais pequenos e indefesos, a quem vive sozinho e abandonado, pode “dar vida a uma verdadeira revolução cultural” em todo o mundo.

“Ninguém de nós pode colocar condições à misericórdia; ela é sempre um ato de gratuidade do Pai, um amor incondicional e imerecido. Portanto, não podemos correr o perigo de nos opormos à plena liberdade do amor com o qual Deus entra na vida de cada pessoa”.

A misericórdia é a ação concreta do amor que, perdoando, transforma e muda a vida. Um convite a você para que leia e aprofunde esse texto do Papa para viver plenamente a misericórdia. (Silvonei José)

Os pêsames do Papa: "Triste notícia, rezo por ele"


Encontro com o Papa Francisco, em Havana. Setembro, 2015 - ANSA
26/11/2016 14:36

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Cidade do Vaticano (RV) – Informado sobre a morte do ex-Presidente cubano Fidel Castro, o Papa Francisco enviou um telegrama de pêsames a seu irmão Raúl Modesto Castro. 


“Expresso meus sentimentos de pesar à família do ex-Presidente, assim como ao governo e ao povo desta amada nação. Ao mesmo tempo, ofereço orações ao Senhor pelo seu descanso e confio todo o povo cubano à materna intercessão de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, padroeira deste país”. 

Fidel faleceu na noite de sexta-feira (25/11) em Havana. Cuba declarou 9 dias de luto oficial. Presidentes latino-americanos e europeus comentaram a morte neste sábado. 

(CM)

segunda-feira, 21 de novembro de 2016


Doutrina da Fé publica Instrução sobre sepultura e cremação


Urna contendo cinzas - REUTERS
25/10/2016 15:48

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Cidade do Vaticano (RV) - Realizou-se na Sala de Imprensa da Santa Sé, nesta terça-feira (25/10), a coletiva de apresentação da Instrução ‘Ad resurgendum cum Christo’ da Congregação para a Doutrina da Fé a propósito da sepultura dos defuntos e da conservação das cinzas no caso de cremação.


Participaram da coletiva o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Gerhard Müller, o Secretário da Comissão Teológica Internacional, Pe. Serge-Thomas Bonino, e o consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, Mons. Angel Rodríguez Luño. 

Segundo o documento, “a prática da cremação difundiu-se bastante em muitas Nações e, ao mesmo tempo, difundem-se também novas ideias contrastantes com a fé da Igreja”. 

Código de Direito Canônico

A norma eclesiástica vigente em matéria de cremação de cadáveres é regulada pelo Código de Direito Canônico: “A Igreja recomenda vivamente que se conserve o piedoso costume de sepultar os corpos dos defuntos; mas não proíbe a cremação, a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã.”

“É preciso sublinhar que, não obstante esta norma, a prática da cremação se difundiu muito no âmbito da Igreja Católica. Em relação à prática de conservação das cinzas, não existe uma específica norma canônica. Por isso, algumas Conferências Episcopais se dirigiram à Congregação para a Doutrina da Fé levantando questões acerca da prática de conservar a urna cinerária em casa ou em lugares diferentes do cemitério, e sobretudo de espalhar as cinzas na natureza”, disse o Cardeal Müller na coletiva. 

“Seguindo a antiga tradição cristã, a Igreja recomenda insistentemente que os corpos dos defuntos sejam sepultados no cemitério ou num lugar sagrado. Ao lembrar a morte, sepultura e ressurreição do Senhor, mistério à luz do qual se manifesta o sentido cristão da morte, a inumação é a forma mais idônea para exprimir a fé e a esperança na ressurreição corporal. A sepultura nos cemitérios ou noutros lugares sagrados responde adequadamente à piedade e ao respeito devido aos corpos dos fiéis defuntos. Enterrando os corpos dos fiéis defuntos, a Igreja confirma a fé na ressurreição da carne e se separa de comportamentos e ritos que envolvem concepções errôneas sobre a morte: seja o aniquilamento definitivo da pessoa; seja o momento da sua fusão com a Mãe natureza ou com o universo; seja como uma etapa no processo da reencarnação; seja ainda, como a libertação definitiva da “prisão” do corpo.”

Conservação as cinzas

“Quaisquer que sejam as motivações legítimas que levaram à escolha da cremação do cadáver, as cinzas do defunto devem ser conservadas, por norma, num lugar sagrado, isto é, no cemitério ou, se for o caso, numa igreja ou num lugar especialmente dedicado a esse fim determinado pela autoridade eclesiástica.”

Segundo o documento, “a conservação das cinzas em casa não é consentida. Somente em casos de circunstâncias graves e excepcionais, o Ordinário, de acordo com a Conferência Episcopal ou o Sínodo dos Bispos das Igrejas Orientais, poderá autorizar a conservação das cinzas em casa. As cinzas, no entanto, não podem ser divididas entre os vários núcleos familiares e deve ser sempre assegurado o respeito e as adequadas condições de conservação das mesmas.

Para evitar qualquer tipo de equívoco panteísta, naturalista ou niilista, não é permitida a dispersão das cinzas no ar, na terra ou na água ou, ainda, em qualquer outro lugar. Exclui-se, ainda a conservação das cinzas cremadas sob a forma de recordação comemorativa em peças de joalharia ou em outros objetos.

“Espera-se que esta nova Instrução possa fazer com que os fiéis cristãos tenham mais consciência de sua dignidade de filhos de Deus. Estamos diante de um novo desafio para evangelização da morte”, concluiu o Cardeal Müller. (MJ)

***

A seguir, a íntegra do documento.

CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

Instrução Ad resurgendum cum Christo
a propósito da sepultura dos defuntos
e da conservação das cinzas da cremação

1. Para ressuscitar com Cristo, é necessário morrer com Cristo, isto é, “exilarmo-nos do corpo para irmos habitar junto do Senhor” (2 Cor 5, 8). Com a Instrução Piam et constantem, de 5 de Julho de 1963, o então chamado Santo Ofício, estabeleceu que “seja fielmente conservado o costume de enterrar os cadáveres dos fiéis”, acrescentando, ainda, que a cremação não é “em si mesma contrária à religião cristã”. Mais ainda, afirmava que não devem ser negados os sacramentos e as exéquias àqueles que pediram para ser cremados, na condição de que tal escolha não seja querida “como a negação dos dogmas cristãos, ou num espírito sectário, ou ainda, por ódio contra a religião católica e à Igreja”. Esta mudança da disciplina eclesiástica foi consignada no Código de Direito Canônico (1983) e no Código dos Cânones da Igreja Oriental (1990).

Entretanto, a prática da cremação difundiu-se bastante em muitas Nações e, ao mesmo tempo, difundem-se, também, novas ideias contrastantes com a fé da Igreja. Depois de a seu tempo se ter ouvido a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, o Pontifício Conselho para os Textos Legislativos e numerosas Conferências Episcopais e Sinodais dos bispos das Igrejas Orientais, a Congregação para a Doutrina da Fé considerou oportuno publicar uma nova Instrução, a fim de repôr as razões doutrinais e pastorais da preferência a dar à sepultura dos corpos e, ao mesmo tempo, dar normas sobre o que diz respeito à conservação das cinzas no caso da cremação.

2. A ressurreição de Jesus é a verdade culminante da fé cristã, anunciada come parte fundamental do Mistério pascal desde as origens do cristianismo: “Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze” (1 Cor 15, 3-5).

Pela sua morte e ressurreição, Cristo libertou-nos do pecado e deu-nos uma vida nova: “como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós vivemos uma vida nova” (Rom 6, 4). Por outro lado, Cristo ressuscitado é princípio e fonte da nossa ressurreição futura: “Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram….; do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo todos serão restituídos à vida” (1 Cor 15, 20-22).

Se é verdade que Cristo nos ressuscitará “no último dia”, é também verdade que, de certa forma já ressuscitamos com Cristo. De facto, pelo Batismo, estamos imersos na morte e ressurreição de Cristo e sacramentalmente assimilados a Ele: “Sepultados com Ele no batismo, também com Ele fostes ressuscitados pela fé que tivestes no poder de Deus, que O ressuscitou dos mortos” (Col 2, 12). Unidos a Cristo pelo Batismo, participamos já, realmente, na vida de Cristo ressuscitado (cf. Ef 2, 6).

Graças a Cristo, a morte cristã tem um significado positivo. A liturgia da Igreja reza: “Para os que creem em vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma; e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna”. Na morte, o espírito separa-se do corpo, mas na ressurreição Deus torna a dar vida incorruptível ao nosso corpo transformado, reunindo-o, de novo, ao nosso espirito. Também nos nossos dias a Igreja é chamada a anunciar a fé na ressurreição: “A ressurreição dos mortos é a fé dos cristãos: acreditando nisso somos o que professamos”. 

3. Seguindo a antiga tradição cristã, a Igreja recomenda insistentemente que os corpos dos defuntos sejam sepultados no cemitério ou num lugar sagrado. 

Ao lembrar a morte, sepultura e ressurreição do Senhor, mistério à luz do qual se manifesta o sentido cristão da morte, a inumação é, antes de mais, a forma mais idônea para exprimir a fé e a esperança na ressurreição corporal. 

A Igreja, que como Mãe acompanhou o cristão durante a sua peregrinação terrena, oferece ao Pai, em Cristo, o filho da sua graça e entrega à terra os restos mortais na esperança de que ressuscitará para a glória.

Enterrando os corpos dos fiéis defuntos, a Igreja confirma a fé na ressurreição da carne, e deseja colocar em relevo a grande dignidade do corpo humano como parte integrante da pessoa da qual o corpo partilha a história. Não pode, por isso, permitir comportamentos e ritos que envolvam concepções errôneas sobre a morte: seja o aniquilamento definitivo da pessoa; seja o momento da sua fusão com a Mãe natureza ou com o universo; seja como uma etapa no processo da reincarnação; seja ainda, como a libertação definitiva da “prisão” do corpo.

Por outro lado, a sepultura nos cemitérios ou noutros lugares sagrados responde adequadamente à piedade e ao respeito devido aos corpos dos fiéis defuntos, que, mediante o Batismo, se tornaram templo do Espirito Santo e dos quais, “como instrumentos e vasos, se serviu santamente o Espirito Santo para realizar tantas boas obras”.

O justo Tobias é elogiado pelos méritos alcançados junto de Deus por ter enterrado os mortos, e a Igreja considera a sepultura dos mortos como uma obra de misericórdia corporal. 

Ainda mais, a sepultura dos corpos dos fiéis defuntos nos cemitérios ou noutros lugares sagrados favorece a memória e a oração pelos defuntos da parte dos seus familiares e de toda a comunidade cristã, assim como a veneração dos mártires e dos santos.

Mediante a sepultura dos corpos nos cemitérios, nas igrejas ou em lugares específicos para tal, a tradição cristã conservou a comunhão entre os vivos e os mortos e opõe-se à tendência a esconder ou privatizar o acontecimento da morte e o significado que ela tem para os cristãos. 

4. Onde por razões de tipo higiênico, econômico ou social se escolhe a cremação; escolha que não deve ser contrária à vontade explícita ou razoavelmente presumível do fiel defunto, a Igreja não vê razões doutrinais para impedir tal práxis; uma vez que a cremação do cadáver não toca o espírito e não impede à omnipotência divina de ressuscitar o corpo. Por isso, tal facto, não implica uma razão objectiva que negue a doutrina cristã sobre a imortalidade da alma e da ressurreição dos corpos. 

A Igreja continua a preferir a sepultura dos corpos uma vez que assim se evidencia uma estima maior pelos defuntos; todavia, a cremação não é proibida, “a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã”. 

Na ausência de motivações contrárias à doutrina cristã, a Igreja, depois da celebração das exéquias, acompanha a escolha da cremação seguindo as respectivas indicações litúrgicas e pastorais, evitando qualquer tipo de escândalo ou de indiferentismo religioso.

5. Quaisquer que sejam as motivações legítimas que levaram à escolha da cremação do cadáver, as cinzas do defunto devem ser conservadas, por norma, num lugar sagrado, isto é, no cemitério ou, se for o caso, numa igreja ou num lugar especialmente dedicado a esse fim determinado pela autoridade eclesiástica. 

Desde o início os cristãos desejaram que os seus defuntos fossem objecto de orações e de memória por parte da comunidade cristã. Os seus túmulos tornaram-se lugares de oração, de memória e de reflexão. Os fiéis defuntos fazem parte da Igreja, que crê na comunhão “dos que peregrinam na terra, dos defuntos que estão levando a cabo a sua purificação e dos bem-aventurados do céu: formam todos uma só Igreja”. 

A conservação das cinzas num lugar sagrado pode contribuir para que não se corra o risco de afastar os defuntos da oração e da recordação dos parentes e da comunidade cristã. Por outro lado, deste modo, se evita a possibilidade de esquecimento ou falta de respeito que podem acontecer, sobretudo depois de passar a primeira geração, ou então cair em práticas inconvenientes ou supersticiosas. 

6. Pelos motivos mencionados, a conservação das cinzas em casa não é consentida. Em casos de circunstâncias gravosas e excepcionais, dependendo das condições culturais de carácter local, o Ordinário, de acordo com a Conferência Episcopal ou o Sínodo dos Bispos das Igrejas Orientais, poderá autorizar a conservação das cinzas em casa. As cinzas, no entanto, não podem ser dividias entre os vários núcleos familiares e deve ser sempre assegurado o respeito e as adequadas condições de conservação das mesmas 

7. Para evitar qualquer tipo de equívoco panteísta, naturalista ou niilista, não seja permitida a dispersão das cinzas no ar, na terra ou na água ou, ainda, em qualquer outro lugar. Exclui-se, ainda a conservação das cinzas cremadas sob a forma de recordação comemorativa em peças de joalharia ou em outros objetos, tendo presente que para tal modo de proceder não podem ser adotadas razões de ordem higiênica, social ou econômica a motivar a escolha da cremação.

8. No caso do defunto ter claramente manifestado o desejo da cremação e a dispersão das mesmas na natureza por razões contrárias à fé cristã, devem ser negadas as exéquias, segundo o direito. 

O Sumo Pontífice Francisco, na Audiência concedida ao abaixo-assinado, Cardeal Prefeito, em 18 de Março de 2016, aprovou a presente Instrução, decidida na Sessão Ordinária desta Congregação em 2 de Março de 2016, e ordenou a sua publicação.

Roma, Congregação para a Doutrina da Fé, 15 de Agosto de 2016, Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria.

Gerhard Card. Müller
Prefeito

Luis F. Ladaria, S.I.

Arcebispo titular de Thibica Secretário

Crianças migrantes, vulneráveis e sem voz preocupam o Papa


Refugiado dorme no sul da Itália - RV
13/10/2016 11:23

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Cidade do Vaticano (RV) – “Migrantes de menor idade, vulneráveis e sem voz”: é o tema com o qual o Papa Francisco chama a atenção para a edição 2017 do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que se celebra em 15 de janeiro.


Acolhimento e responsabilidade no cuidado das crianças

Francisco desenvolve inicialmente o conceito de acolhimento e a responsabilidade que este acarreta. Menciona a exploração de meninas e meninos na prostituição e na pornografia, sua escravização no trabalho ou como soldados e seu envolvimento no tráfico de drogas. Fala de crianças forçadas por conflitos e perseguições a fugir, com o risco de se encontrarem sozinhas e abandonadas.

O Pontífice pede que cuidemos das crianças, pois elas são três vezes mais vulneráveis – menores de idade, estrangeiras e indefesas – quando, por vários motivos, são forçadas a viver longe da sua terra natal e separadas do carinho familiar.

Menores pagam o preço mais oneroso, perdem o direito a ser criança

A respeito da proveniência das migrações, o Papa explica que hoje, o fenômeno toca todos os continentes, e os menores são os que pagam o preço mais oneroso, por serem privados de suas necessidades únicas e irrenunciáveis: o direito a um ambiente familiar saudável e protegido e o direito-dever de receber uma educação adequada. Elas têm também o direito de brincar e fazer atividades recreativas; têm direito a ser criança.

No entanto, as crianças migrantes, vulneráveis, invisíveis e sem voz, ressalva o Pontífice, “acabam facilmente nos níveis mais baixos da degradação humana, onde a ilegalidade e a violência queimam o seu futuro”. Como responder a esta realidade?

O que a Igreja pode fazer? Proteger e defender

O Papa responde: “Com a certeza de que ninguém é estrangeiro na comunidade cristã, a Igreja deve reconhecer o desígnio de Deus também neste fenômeno, que faz parte da história da salvação”. Mas como? 

Em primeiro lugar, garantindo proteção e defesa aos menores migrantes; evitando que as crianças se tornem objeto de violência física, moral e sexual, porque “a linha divisória entre migração e tráfico pode tornar-se às vezes muito sutil”. 

Intervir contra quem explora os menores

Por outro lado, há de se combater também a demanda, intervindo com maior rigor e eficácia contra os exploradores. E os próprios imigrantes devem colaborar mais com as comunidades que os recebem, trocando informações e fortalecendo redes para assegurar ações tempestivas e capilares. 

Em segundo lugar, é preciso trabalhar pela integração das crianças e adolescentes migrantes. O Papa recorda que a condição dos migrantes menores de idade é ainda mais grave quando ficam em situação irregular ou ao serviço da criminalidade organizada e são destinados a centros de detenção. 

Violência em centros de detenção

Na condição de reclusos por longos períodos, são expostos a abusos e violências de vário gênero. Francisco adverte que os Estados têm o direito de administrar os fluxos migratórios e salvaguardar o bem comum nacional, mas o dever de resolver e regularizar a posição dos migrantes de menor idade.

Outra questão fundamental, do ponto de vista do Papa, é a adoção de procedimentos nacionais adequados e de planos de cooperação concordados entre os países de origem e de acolhimento, tendo em vista a eliminação das causas da emigração forçada dos menores.

Esforço da comunidade internacional para extinguir as causas

Em terceiro lugar, o Papa apela para que se busquem e adotem soluções duradouras e neste sentido, é necessário o esforço de toda a comunidade internacional para extinguir os conflitos e as violências que constringem as pessoas a fugir. 

Incentivar quem acompanha os migrantes

Por fim, Francisco dirigiu uma palavra de encorajamento às pessoas que caminham ao lado de crianças e adolescentes pelas vias da emigração: eles, assim como a Igreja, precisam da sua ajuda preciosa; e os apoia no serviço generoso que prestam. E concluindo, confia todos os menores migrantes, suas famílias e suas comunidades à proteção da Sagrada Família de Nazaré, para que vele por cada um e a todos acompanhe no caminho”. 

(CM)

Carta Apostólica: Papa conclui Jubileu indicando perdão e caridade


Papa fecha a Porta Santa da Basílica de São Pedro - ANSA
21/11/2016 12:00

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Cidade do Vaticano (RV) – “Misericórdia e mísera” é o título da Carta Apostólica do Papa Francisco publicada ao final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

A carta, disponível em português, é dividida em 22 pontos e começa com a explicação do título: misericórdia e mísera são as duas palavras que Santo Agostinho utiliza para descrever o encontro de Jesus com a adúltera.

“Esta página do Evangelho pode ser considerada como ícone de tudo o que celebramos no Ano Santo. (...) No centro, não temos a lei e a justiça legal, mas o amor de Deus. (...) Não se encontram o pecado e o juízo em abstrato, mas uma pecadora e o Salvador. (...) A miséria do pecado foi revestida pela misericórdia do amor”, escreve o Pontífice.

Perdão e caridade: estes são os dois eixos centrais da Carta Apostólica. O Papa recorda que ninguém pode pôr condições à misericórdia; “esta permanece sempre um ato de gratuidade do Pai celeste”. Agora, concluído este Jubileu, é tempo de olhar para frente e compreender como se pode continuar experimentando a riqueza da misericórdia divina.

Celebração eucarística

Em primeiro lugar, Francisco aponta a celebração da misericórdia através da missa. Dirigindo-se aos sacerdotes de modo especial, o Papa recomenda a preparação da homilia e o cuidado na sua proclamação. “Comunicar a certeza de que Deus nos ama não é um exercício de retórica, mas condição de credibilidade do próprio sacerdócio”, adverte o Pontífice. O Papa faz algumas sugestões, como de um domingo dedicado inteiramente à Palavra de Deus, em prol de sua difusão, conhecimento e aprofundamento.

Perdão

O Pontífice dedica amplo espaço na Carta Apostólica para falar do sacramento da Reconciliação, “que precisa voltar a ter o seu lugar central na vida cristã”. Francisco agradece aos “missionários da misericórdia”, que ele instituiu no início deste Jubileu para aproximar os fiéis da confissão. De fato, determinou que este ministério não termine com o fechamento da Porta Santa, mas permaneça até novas ordens. Aos confessores, o Papa pediu acolhimento, disponibilidade, generosidade e clarividência. “Não há lei nem preceito que possa impedir a Deus de reabraçar o filho. Deter-se apenas na lei equivale a invalidar a fé e a misericórdia divina”, escreve, pedindo que seja reforçada nas dioceses a celebração da iniciativa “24 horas para o Senhor”, nas proximidades do IV domingo para a Quaresma.

Absolvição do aborto

Neste contexto, se encontra a grande novidade da Carta Apostólica. A partir de agora, o Pontífice concede a todos os sacerdotes a faculdade de absolver a todas as pessoas que incorreram no pecado do aborto. “Aquilo que eu concedera de forma limitada ao período jubilar fica agora alargado no tempo, não obstante qualquer disposição em contrário. Quero reiterar com todas as minhas forças que o aborto é um grave pecado, porque põe fim a uma vida inocente; mas, com igual força, posso e devo afirmar que não existe algum pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir, quando encontra um coração arrependido que pede para se reconciliar com o Pai. Portanto, cada sacerdote faça-se guia, apoio e conforto no acompanhamento dos penitentes neste caminho de especial reconciliação.”

Fraternidade de S. Pio X

Na mesma linha, o Papa estende a absolvição sacramental dos pecados aos fiéis que frequentam as igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X, instituída no Ano Santo. “Para o bem pastoral destes fiéis e confiando na boa vontade dos seus sacerdotes para que se possa recuperar a plena comunhão na Igreja Católica, estabeleço por minha própria decisão de estender esta faculdade para além do período jubilar, até novas disposições sobre o assunto, a fim de que a ninguém falte jamais o sinal sacramental da reconciliação através do perdão da Igreja.”

Caridade

Francisco fala ainda da importância da consolação, principalmente na família e no momento da morte, mas é à caridade que dedica outra grande parte da Carta Apostólica: “Termina o Jubileu e fecha-se a Porta Santa. Mas a porta da misericórdia do nosso coração permanece sempre aberta. (...) Por sua natureza, a misericórdia se torna visível e palpável numa ação concreta e dinâmica”.

O Papa cita algumas iniciativas deste Ano Jubilar, como as sextas-feiras da misericórdia, para agradecer aos inúmeros voluntários que dedicam seu tempo ao próximo. Mas para incrementar essas iniciativas, o Pontífice pede que se “arregace as mangas”, com imaginação e criatividade. As obras de misericórdia – escreve – têm “valor social” diante de um mundo que continua gerando novas formas de pobreza espiritual e material, que comprometem a dignidade das pessoas.

“O caráter social da misericórdia exige que não permaneçamos inertes mas afugentemos a indiferença e a hipocrisia para que os planos e os projetos não fiquem letra morta.” Para Francisco, com as obras de misericórdia se pode criar uma verdadeira revolução cultural.

Dia Mundial dos Pobres

No final da Carta Apostólica, como mais um sinal concreto deste Ano Santo Extraordinário o Pontífice institui para toda a Igreja o Dia Mundial dos Pobres, a ser celebrado no XXXIII Domingo do Tempo Comum. “Será a mais digna preparação para bem viver a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, que Se identificou com os mais pequenos e os pobres. Será um Dia que vai ajudar as comunidades e cada batizado a refletir como a pobreza está no âmago do Evangelho e tomar consciência de que não poderá haver justiça nem paz social enquanto Lázaro jazer à porta da nossa casa. Além disso este Dia constituirá uma forma genuína de nova evangelização.”

    quarta-feira, 16 de novembro de 2016


    Guardas Pontifícios recebem formação em Cantão suiço


    Guarda Suiça é responsável pela proteção dos Pontífices desde 1506 - AFP
    16/11/2016 11:43

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    Cidade do Vaticano (RV) – “O perigo potencial mudou”, declarou a jornalistas na terça-feira, na Suiça, o Comandante da Guarda Pontifícia, Cristoph Graf.

    De fato, com a ameaça de ataques terroristas, a Guarda Pontifícia enviou alguns de seus recrutas ao Cantão de Tessin, para aprimorar sua formação.

    As pequenas dimensões do Estado do Vaticano não contemplam espaços para prática de tiro, por exemplo, o que obrigava os guardas do Papa a fazerem uso de instalações italianas. Com os atentados de Bruxelas e Paris, estes locais passaram a ser utilizados, prioritariamente, pelas forças de segurança italianas.

    Neste contexto, foi assinado em setembro um Acordo entre a Santa Sé e o Cantão de Tessin, onde membros da Guarda passam a receber ulterior formação em Isone. Eles contam ainda com o apoio logístico do Departamento Federal da Defesa. “Fomos recebidos de braços abertos”, revela o Comandante Graf.

    Quinze Guardas Suiços participam dos exercícios deste primeiro grupo, numa densa programação que engloba exercícios de tiro, defesa pessoal, primeiros socorros e combate à incêndio, sem falar no curso de direito e aulas de italiano, além de acompanhamento espiritual.

    A formação segue até 27 de novembro. A cada ano, serão formados 30 Guardas Suiços. Os próximos cursos estão previstos para outubro e novembro de 2017. Um soldado da Guarda Suiça presta serviço no Vaticano por 26 meses.

    Os Guardas Suiços passaram a ser responsáveis pela segurança do Pontífice desde 22 de janeiro de 1506.

    Audiência: suportar com paciência as fraquezas do próximo


    Papa na Audiência Geral de 16 de novembro de 2016 - REUTERS
    16/11/2016 10:48

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    Cidade do Vaticano (RV) – Quarta-feira é dia de Audiência Geral no Vaticano. Na Praça S. Pedro, cerca de 25 mil fiéis e peregrinos ouviram o Papa Francisco falar de uma obra de misericórdia que todos conhecem, mas que dificilmente se coloca em prática: suportar com paciência as fraquezas do próximo.


    “Com grande facilidade, sabemos reconhecer a presença de pessoas que podem nos incomodar. Logo pensamos: por quanto tempo deverei ouvir as lamentações, as fofocas, os pedidos ou os triunfos desta pessoa?”, questionou o Papa, recordando que na maioria das vezes são pessoas próximas a nós, como parentes e colegas de trabalho.



    Na Bíblia, Deus nos ensina a ser pacientes e misericordiosos, como Ele mesmo o foi com o povo hebreu que se lamentava contra Ele durante o Êxodo, ou como Jesus que, aos Apóstolos tentados pelo poder e pela inveja, procurava, com muita paciência, fazer-lhes enxergar aquilo que era o essencial na sua missão.

    Exame de consciência

    É fácil falar dos defeitos dos outros, disse o Papa, mas nós fazemos um exame de consciência para ver se somos nós que importunamos?

    Neste sentido, são importantes também outras duas obras de misericórdia: ensinar os ignorantes e corrigir os que erram. “Penso por exemplo nos catequistas – entre os quais as muitas mães e religiosas – que dedicam tempo para ensinar às crianças os elementos basilares da fé. Quanto esforço, sobretudo quando os jovens preferiram brincar ao invés de ouvir o catecismo!”

    Acompanhar na busca do essencial é belo e importante, disse o Papa, porque nos faz compartilhar a alegria de saborear o sentido da vida. Diante de pessoas que buscam satisfações imediatas e efêmeras, é muito importante saber dar conselho, admoestar e ensinar. 

    Evitar as tentações da inveja, ambição e adulação

    Para Francisco, ensinar a descobrir o que o Senhor quer de nós e como podemos corresponder significa colocar-se no caminho para crescer na própria vocação e evitar de cair na inveja, na ambição e na adulação – tentações sempre à espreita inclusive entre os cristãos.

    Todavia – advertiu o Pontífice –, aconselhar, admoestar e ensinar não nos devem fazer sentir superiores aos outros, mas nos obriga a olhar para nós mesmos para verificar se somos coerentes com aquilo que pedimos aos outros.

    “Não nos esqueçamos das palavras de Jesus, concluiu o Papa: ‘Por que olha para o cisco no olho do irmão, ignorando a trave que está no seu? Que o Espírito Santo nos ajude a ser pacientes em suportar e humildes e simples ao aconselhar.”

    Infância e Adolescência

    Depois de sua catequese, o Pontífice recordou que no próximo domingo, 20 de novembro, celebra-se o Dia Mundial dos direitos da infância e da adolescência.

    “Faço um apelo à consciência de todos, instituições e famílias, para que as crianças sejam sempre protegidas e o seu bem-estar, tutelado, para que jamais caiam em formas de escravidão, recrutamento em grupos armados e maus-tratos. Faço votos de que a comunidade internacional possa proteger suas vidas, garantindo a cada menino e menina o direito à escola e à educação, para que seu crescimento seja sereno e olhem com confiança para o futuro.”

    Papa: a transformação de cada um de nós começa na Confissão


    Papa com os peregrinos holandeses - ANSA
    15/11/2016 11:46

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    Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco foi à Basílica de São Pedro na manhã da terça-feira (15/11) saudar os peregrinos holandeses que vieram ao Vaticano celebrar o Jubileu da Misericórdia.


    Em sua breve saudação, o Pontífice destacou que o Ano Santo nos faz relacionar ainda mais com Jesus Cristo, rosto da misericórdia do Pai.

    “Jamais esgotaremos este grande mistério do amor de Deus! É a fonte da nossa salvação: todo o mundo, todos nós necessitamos da misericórdia divina. Ela nos salva, nos dá vida, nos recria como verdadeiros filhos e filhas de Deus”, disse o Papa, ressaltando que nós experimentamos a bondade do Senhor de modo especial no sacramento da Penitência e da Reconciliação.



    Transformação

    “A Confissão é o local em que se recebe o perdão e a misericórdia de Deus. Aqui tem início a transformação de cada um de nós e a reforma da vida da Igreja.”

    A exortação de Francisco aos holandeses é que abram seus corações e se deixem plasmar pela misericórdia de Deus, assim se tornarão instrumentos de Sua misericórdia. Num mundo sedento da sua bondade e do seu amor, os peregrinos poderão “irrigar” a sociedade com o anúncio do Evangelho e com a caridade, sobretudo para os com os mais necessitados e as pessoas abandonadas a si mesmas.

    A Missa no Altar da Cátedra da Basílica Vaticana foi celebrada pelo Cardeal Willelm Eijk, Arcebispo de Utrecht e Presidente da Conferência Episcopal, e concelebrada por todos os Bispos holandeses. Vieram ao Vaticano cerca de dois mil fiéis de dioceses dos Países Baixos.

    Acompanhe com a RV o encerramento do Jubileu


    Papa abre Porta Santa - ANSA
    15/11/2016 09:24

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    Cidade do Vaticano (RV) – Com o fechamento das Portas Santas ao redor do mundo, o Jubileu da Misericórdia entra em sua reta final.


    A única Porta ainda aberta é a da Basílica Vaticana, que o Papa Francisco fechará no próximo domingo (20/11), no encerramento deste Jubileu. A Rádio Vaticano transmitirá esta cerimônia ao vivo, com comentários em português, às 6h55 – horário de Brasília.

    Ao fechar a Porta Santa – escreve o Papa na Bula de convocação deste Ano Jubilar – “irão nos animar, antes de tudo, sentimentos de gratidão e agradecimento à Santíssima Trindade por nos ter concedido este tempo extraordinário de graça. Confiaremos a vida da Igreja, a humanidade inteira e o universo imenso à Realeza de Cristo, para que derrame a sua misericórdia, como o orvalho da manhã, para a construção de uma história fecunda com o compromisso de todos no futuro próximo. Quanto desejo que os anos futuros sejam permeados de misericórdia para ir ao encontro de todas as pessoas levando-lhes a bondade e a ternura de Deus! A todos, fiéis e afastados, possa chegar o bálsamo da misericórdia como sinal do Reino de Deus já presente no meio de nós”.

    O Papa Francisco dedicou aos socialmente excluídos a semana que antecede o fechamento do Jubileu. Portanto, nestes últimos dias de Ano jubilar, haverá somente o Consistório para a criação de 19 novos cardeais, entre os quais o Arcebispo de Brasília, Dom Sérgio da Rocha. A Rádio Vaticano também transmitirá ao vivo este evento no sábado, dia 19, a partir das 7h55.

    Desde o dia 8 de dezembro de 2015, quando Francisco abriu a Porta Santa da Basílica de São Pedro, 20 milhões e 415 mil peregrinos vieram ao Vaticano para celebrar o Jubileu.

    quarta-feira, 9 de novembro de 2016


    Cardeal Filoni: sacerdócio não é profissão



    Catedral de Karonga, Maláui - RV
    04/11/2016 15:39

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    Lilongwe (RV) - O Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, Cardeal Fernando Filoni, se encontra no Maláui como envido do Papa Francisco a esta nação africana para a consagração, neste sábado (05/11), da Catedral Maula, na Diocese de Lilongwe, capital.

    Gratidão e incentivo à Igreja no Maláui foram expressos pelo purpurado na homilia da missa celebrada na tarde desta quinta-feira (03/11), na capital, que contou com a presença do Arcebispo de Lilongwe, Dom Tarcisius Ziyaye.

    O Cardeal Filoni reconheceu os esforços incansáveis da comunidade católica em sustentar a Igreja e a sociedade malauiana, um dos países mais pobres do mundo. Ele encorajou a levar adiante “o bom trabalho da evangelização com fervor renovado e dedicação, ajudando uns aos outros a buscar e encontrar o Bem Supremo, Jesus Cristo”.

    Evangelização

    “A evangelização é um tema relevante e sempre será, porque a Igreja é missionária por natureza”, disse o purpurado, que solicitou os sacerdotes, religiosos e religiosas a “manterem viva a chama da caridade” em seus corações, atentos a três coisas: vida espiritual, moral e ministerial.

    O purpurado recordou aos sacerdotes que “o sacerdócio não é uma profissão ou uma função burocrática” a ser desempenhada por um determinado tempo, mas “uma maneira de vida e não um trabalho”.

    Em relação ao celibato disse que “esta escolha de vida deve ser considerada no contexto da ligação forjada em cada ordenação ou profissão religiosa. O celibato deve ser acolhido com a decisão livre que precisa ser continuamente renovada, conscientes da fraqueza da condição humana”. “Os sacerdotes são chamados a viver radicalmente o Evangelho na sequela de Jesus: casto, pobre e obediente”, recordou.

    O Cardeal Filoni ressaltou a exigência de uma vida de oração humilde e fiel para os religiosos e religiosas chamados ao voto de castidade.

    O último aspecto mencionado pelo prefeito do dicastério missionário foi o do compromisso ministerial nas paróquias, hospitais, escolas e vários campos da evangelização, com relevância particular aos marginalizados, migrantes e escravos de nossos tempos.

    Programa da visita

    Nesta sexta-feira (04/11), o purpurado foi a Mzuzu, onde celebrou a missa. Na parte da tarde irá a Karonga, onde será acolhido pelas crianças da Pontifícia Obra da Infância Missionária. Na manhã deste sábado (05/11), está previsto o rito de consagração da catedral, dedicada a São José Operário, e depois o encontro com os bispos.

    No domingo, 6 de novembro, o Cardeal Filoni voltará a Lilongwe e ali celebrará a missa na Paróquia de São Patrício, onde encontrará os leigos.
    Na manha de segunda-feira (07/11), depois da visita ao Centro Madre Teresa, o Prefeito do dicastério missionário partirá para Lusaka, na Zâmbia, e na parte da tarde se encontrará com os bispos.

    Na terça-feira, 8 de novembro, celebrará a missa no Seminário Maior de St. Dominic, e depois se encontrará com os formadores dos três seminários maiores. Na parte a tarde, a oração das Vésperas no mosteiro das Clarissas.

    Na quarta-feira, 9 de novembro, celebrará a missa na Catedral do Menino Jesus, e na parte da tarde presidirá a abertura do Fórum Católico Nacional
    Na quinta-feira (10/11), o Cardeal Filoni celebrará a missa no convento das Irmãs de Madre Teresa e depois voltará para Roma.

    (MJ)

    Jubileu dos socialmente excluídos: o Papa é amigo deles


    Morador de rua nas proximidades do Vaticano - ANSA
    08/11/2016 17:21

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    Ciade do Vaticano (RV) - Os pobres serão os protagonistas, no Vaticano, no próximo fim de semana, no contexto do Jubileu das pessoas socialmente excluídas.


    Na próxima sexta-feira (11/11), eles se encontrarão com o Papa Francisco na Sala Paulo VI. No dia seguinte, sábado (12/11), participarão da audiência jubilar na Praça São Pedro, e no domingo (13/11), da missa do Jubileu das pessoas socialmente excluídas presidida pelo Papa Francisco, na Basílica de São Pedro. 

    Os excluídos são o fruto da “cultura do descarte” que o Papa Francisco denuncia desde o início de seu pontificado. São os desfavorecidos, os sem-teto, os pobres, privados de tudo, começando de sua dignidade. Francisco os acolherá no Jubileu a eles dedicado que pretende ser uma mensagem direta a todos que olham para as pessoas excluídas com repugnância e desconfiança.

    Em vista desse jubileu, realizou-se nesta terça-feira (08/11), a coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé que contou com a presença do porta-voz da Associação francesa “Irmão”, François Le Forestier, e do representante da Comunidade de Santo Egídio, Carlo Santoro. 

    Entrevistado pela nossa emissora eis o que disse Santoro a propósito do Jubileu das pessoas socialmente excluídas.

    Santoro: “São as pessoas que encontramos aqui em Roma todas as noites, há vários anos. Aquelas que o Papa chama de ‘os descartados’. Muitas vezes a tentativa é a de evitar vê-los, enquanto a nossa tarefa é a de fazer esta cidade mudar de mentalidade. Desejamos também que, a partir de agora, com este Ano da Misericórdia, visto que o inverno e o frio se aproximam, sejam abertos dormitórios e lugares de acolhimento da parte de instituições e também de entidades e associações.”

    Quantas serão as pessoas presentes no Jubileu com o Papa Francisco?

    Santoro: “Esperamos algumas centenas aqui em Roma. O problema é que nem sempre é fácil alcançar os romanos. Mas, digo que a resposta que vi até agora foi positiva. Há uma grande expectativa em relação ao Papa. Os excluídos sabem que o Papa é um grande amigo e que fez muitas coisas por eles. Este é o comportamento ao qual todos somos chamados: olhar as pessoas nos olhos, dar-lhes a mão, pois muitas vezes em nós prevalece o individualismo e a nossa pouca vontade de encontrar pessoas tão diferentes de nós. Na realidade, tornando-se amigo dos pobres se descobre quanto eles sejam parecidos conosco e quanto cada um de nós poderia se tornar pobre numa sociedade tão absurda em que se você não for mais produtivo é deixado de lado. Como diz o Papa, quantas vezes aconteceu que um idoso morreu de frio na rua e ninguém percebeu. Morreu no anonimato, sem funeral. Isso não faz notícia. Neste mundo deve ser recuperado este sentido forte que pode ser salvo somente pela Misericórdia que este ano nos foi inculcada e inspirada em relação aos ‘descartados’, como diria o Papa. Acredito que o discurso sobre o descarte deve ser ainda muito, muito compreendido.”

    Como Comunidade de Santo Egídio vocês viram uma mudança na percepção dos outros em relação a estas pessoas, graças à mensagem do Papa Francisco?

    Santoro: “Absolutamente sim. Nesses dois, três anos que o Papa não perdeu a ocasião de falar dos pobres, deste amor pelos pobres que salva todos nós, vimos sempre mais o nascimento de grupos espontâneos, assim como de pessoas individuais, que iniciam a falar, a ajudar, a se fazer próximo das pessoas que vivem nas ruas. Este é um fenômeno em crescimento. Espero que esta onda boa que veio do Papa continue. Este seu amor, o colocar os pobres no centro da Igreja. Acredito que a ideia do Papa seja que cada um de nós pode fazer alguma coisa pelos pobres, mesmo se for pouco. Acredito que a Igreja e todos nós que fazemos parte dela somos chamados a ajudar os pobres que encontramos pelas ruas. Ninguém pode ficar de fora, cada um deve assumir sua própria responsabilidade.”

    Eles têm algum pedido para fazer ao Papa? 

    Santoro: “O Papa nos ensina sempre que todo ser humano não tem problema somente material. Muitas vezes nos esquecemos que fazem parte da Igreja e que possuem também necessidades espiritais. Acredito que em relação ao Papa a expectativa seja de caráter espiritual. Penso que o Papa sabe tocar os corações dos pobres quando diz: “Vocês são importantes para nós Igreja”. Temos ainda de compreender muito o que significa ser pobre.” 

    (MJ)