terça-feira, 30 de junho de 2015

"Papa visita Bento XVI; férias de verão começam no Vaticano"

Em julho, período de “férias de verão” do Papa, catequeses e demais compromissos públicos estão suspensos; hoje pela manhã, Francisco visitou Bento XVI

Da Redação, com Rádio Vaticano

O Papa Francisco visitou o Papa emérito Bento XVI na manhã desta terça-feira, 30, no Mosteiro Ecclesia Mater, nos Jardins Vaticanos. O Papa emérito segue para Castel Gandolfo, a residência pontifícia de verão, onde ficará até o dia 14 de julho.

Bento XVI e Francisco tiveram um encontro de cerca de 30 minutos, uma atividade que marcou o início do período de verão no Vaticano para ambos. O Papa emérito fica na residência de verão e Francisco segue no Vaticano, porém com atividades reduzidas.

As tradicionais catequeses de quarta-feira estão suspensas durante todo o mês de julho. Em agosto, elas serão retomadas na Sala Paulo VI. Com exceção da já prevista audiência desta sexta-feira, dia 3, com a Renovação Carismática na Praça São Pedro, todas as demais audiências estão suspensas.

O único compromisso público do Papa neste período, quando estiver no Vaticano, segue sendo o Angelus de Domingo. As missas matutinas do Papa com os grupos de fiéis na Casa Santa Marta estão suspensas nos meses de julho e agosto. Serão retomadas em setembro.

Mas antes de iniciar essa pequena pausa no período de verão, Francisco terá uma intensa programação durante sua viagem à América Latina, que começa neste domingo, 5. O Papa visita Equador, Bolívia e Paraguai, ficando em solo latino-americano até o dia 13, quando retorna ao Vaticano.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

"Francisco pede orações por sua viagem à América Latina"

Após a oração Mariana do Angelus, o Papa Francisco pediu para que todos o acompanhem em oração durante sua viagem à América Latina

Da redação, com Rádio Vaticano

Nesta segunda-feira, 29, o Papa Francisco rezou a oração Mariana do Angelus na Solenidade de São Pedro. Logo após, recordou que, a partir neste domingo, 5, estará em viagem e passará pelo Equador, Bolívia e Paraguai.

“Peço a todos vocês que me acompanhem em oração para que o Senhor abençoe esta minha viagem ao continente latino-americano, para mim tão querido, como podem imaginar”, disse Francisco.

O Papa expressou sua alegria de estar na casa dos equatorianos, bolivianos e paraguaios antes de reiterar o pedido de orações tanto para ele como para a viagem, “para que Nossa Senhora nos dê a graça de nos acompanhar com sua materna proteção”.

Em mensagem exibida no sábado, 27, o Pontífice pediu que as populações dos três países “perseverem na fé e mantenham acesa a chama da caridade”.

"Dia de São Pedro e São Paulo: Papa destaca fé e testemunho"

No dia de São Pedro e São Paulo, Papa celebrou Missa e destacou, na homilia, a oração, a fé e o testemunho. Para 46 arcebispos, ele entregou o pálio

Da Redação, com Rádio Vaticano

Francisco durante a celebração desta manhã na Basílica de São Pedro / Foto: Reprodução CTV

O Papa Francisco celebrou a Missa, nesta segunda-feira, 29, solenidade de São Pedro e São Paulo, na Basílica Vaticana. Durante a celebração, Francisco entregou o pálio a 46 arcebispos metropolitanos, entre eles o arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo.

Na homilia, o Papa fez um convite aos arcebispos que com ele concelebraram a Missa: ensinar a rezar rezando; anunciar a fé acreditando, e testemunhar, vivendo. A inspiração veio das leituras do dia, que retratam a coragem dos apóstolos e da primeira comunidade cristã de levar adiante a evangelização mesmo em meio ao perigo do martírio.

“A comunidade de Pedro e Paulo nos ensina que uma Igreja em oração é uma Igreja de pé, sólida e em caminho! (…) Na verdade, um cristão que reza é protegido e, sobretudo, não está sozinho. (…) Nenhuma comunidade cristã pode prosseguir sem o apoio da oração perseverante. A oração é o encontro com Deus, que jamais desilude”.

Francisco recordou que há forças que tentaram e ainda tentam aniquilar a Igreja, mas Deus dá ao homem a força para vencer o mal. Inexplicavelmente, a Igreja permanece viva, fecunda e firme. “Na verdade, passaram reinos, povos, culturas, nações, ideologias, mas a Igreja, fundada sobre Cristo, permanece fiel ao depósito da fé, porque ela não é dos Papas, bispos, padres nem mesmo dos fiéis; é só e unicamente de Cristo.”

O Santo Padre renovou também um apelo ao testemunho, para que os cristãos sempre testemunhem Cristo, a exemplo do que fizeram Pedro e Paulo. “Uma Igreja ou um cristão sem testemunho é estéril; um morto que pensa estar vivo; uma árvore ressequida que não dá fruto; um poço seco que não dá água! A Igreja venceu o mal por meio do testemunho corajoso, concreto e humilde dos seus filhos.”

Também esteve presente, na celebração, uma delegação do Patriarcado Ortodoxo de Constantinopla, que o Papa saudou logo no início da cerimônia.

domingo, 28 de junho de 2015

"Começar uma nova vida é um modo de ressuscitar, diz Papa"

Na oração do Angelus, o Papa Francisco disse que quem estiver desesperado, se confiar em Jesus e no seu amor, poderá recomeçar e ter uma nova vida

Da redação, com Rádio Vaticano

Neste domingo, 28, o Papa Francisco iniciou a oração do Angelus comentando o Evangelho do dia, que fala sobre a ressurreição de uma jovem de doze anos, filha de um dos chefes da sinagoga.

O Pontífice comenta que o pai implora a Jesus para salvá-la. Após a sua morte, Jesus lhe diz: “Não temas, crê somente”. Ao entrar em casa, o Senhor se dirige à jovem, dizendo: “Menina, eu te digo: levanta-te” e no mesmo instante, a menina se levantou e começou a caminhar. “Aqui se vê o poder absoluto de Jesus sobre a morte física, que para Ele é como um sono do qual se pode despertar”, disse.

Deus perdoa tudo e todos

Nesta narração, o Evangelista insere outro episódio: a cura de uma mulher que há 12 anos sofria de perdas de sangue. Por causa desta doença que, de acordo com a cultura do tempo, a tornava “impura”, ela deveria evitar todo contato humano: estava condenada a uma morte civil.

Esta mulher anônima, em meio à multidão que segue Jesus, diz: “Se ao menos tocar as suas roupas, serei salva”. Jesus se dá conta e, em meio à multidão, procura o rosto daquela mulher. Ela aproxima-se trêmula e Ele diz: “Minha filha, a tua fé te salvou”.

Segundo o Papa Francisco “é a voz do Pai celeste que fala em Jesus. Ele perdoa tudo e a todos”, disse o Papa.

Ressurreição e reencarnação

Francisco observou que esses dois episódios, uma cura e uma ressurreição, têm um único centro: a fé. “Todo o Evangelho é escrito à luz desta fé: Jesus ressuscitou, venceu a morte e, por esta sua vitória, também nós ressuscitaremos.”

O Papa advertiu dizendo que esta fé pode obscurecer-se e tornar-se incerta, a ponto de alguns confundirem ressurreição com reencarnação. “Mas a Palavra de Deus deste domingo nos convida a viver na certeza da ressurreição: Jesus é o Senhor, tem poder sobre o mal e sobre a morte e quer nos levar para a casa do Pai, onde reina a vida”.

Renovação e esperança

O Pontífice recordou que a ressurreição de Cristo atua na história como princípio de renovação e de esperança. “Quem estiver desesperado e extenuado, se confiar em Jesus e no seu amor pode recomeçar a viver, pode ter uma nova vida, mudar de vida. Começar uma nova vida é um modo de ressuscitar. A fé é uma força de vida, dá plenitude à nossa humanidade.”

Quem crê em Cristo, prosseguiu, deve ser reconhecido por promover a vida em qualquer situação, por possibilitar a todos, especialmente aos mais vulneráveis, o amor de Deus que liberta e salva.

E concluiu: “Peçamos ao Senhor, por intercessão de Nossa Senhora, o dom de uma fé forte e corajosa, que nos impulsiona a ser difusores de esperança e de vida entre os nossos irmãos”.

"Papa canoniza pais de Santa Terezinha do Menino Jesus"

Ludovico Martin e Maria Azelia Guérin, pais de Santa Terezinha do Menino Jesus, foram canonizados pelo Papa Francisco

Da redação, com Rádio Vaticano

O Papa Francisco presidiu, na manhã deste sábado, 27, no Vaticano, à celebração da Hora Terceira e o Consistório Ordinário Público para a Canonização de quatro novos Santos.

Os pais de Santa Terezinha do Menino Jesus, Ludovico Martin e Maria Azelia Guérin, então entre os canonizados. Os outros são: Vicente Grossi, sacerdote diocesano, Fundador do Instituto das Filhas do Oratório; e Maria da Imaculada Conceição, religiosa, Superiora-Geral da Congregação das Irmãs da Companhia da Cruz.

Ludovico Martin (1823-1894) e Maria Azelia Guérin (1831-1877) foram declarados beatos pelo Papa emérito Bento XVI, a 19 de outubro de 2008. Eles casaram-se em 1858 e tiveram nove filhos; quatro faleceram ainda na infância e cinco seguiram a vida religiosa, entre eles, Tereza de Lisieux.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

"Cristãos devem estender a mão aos marginalizados, diz Papa"

Na Missa de hoje, Papa destacou o valor da proximidade aos marginalizados; muitas vezes, cristãos devem “sujar” as mãos para ajudá-los, a exemplo de Jesus
Da Redação, com Rádio Vaticano

O Papa Francisco voltou a defender, nesta sexta-feira, 26, a proximidade aos mais necessitados como um aspecto fundamental da comunidade cristã. Na Missa de hoje, ele destacou que o bem se faz “sujando” as mãos, ou seja, os cristãos devem se aproximar e estender as mãos àqueles que a sociedade tende a excluir.


Francisco convida cristãos a pensarem no modo como se fazem próximos aos mais necessitados / Foto: L’Osservatore Romano

Aproximando-se dos excluídos do seu tempo, Jesus “sujou” as mãos tocando os leprosos. E, assim, ensinou à Igreja que não se pode fazer comunidade sem proximidade. As reflexões do Papa surgiram a partir do Evangelho do dia, que retrata a cura de um leproso.

O milagre, notou o Papa, aconteceu sob os olhos dos doutores da lei, que consideravam o leproso impuro. Naquela época, a lepra era uma condenação perpétua; curar um leproso era tão difícil como ressuscitar um morto. Por isso os leprosos eram marginalizados, mas Jesus estendeu a mão ao excluído e demonstrou o valor fundamental da palavra “proximidade”.

“Não se pode fazer comunidade sem proximidade. Não se pode fazer a paz sem proximidade. Não se pode fazer o bem sem se aproximar. Jesus poderia muito bem ter dito: ‘Sê purificado!’. Mas não: aproximou-se e o tocou. E mais! No momento em que Ele tocou o impuro, tornou-se também Ele impuro. E esse é o mistério de Cristo: toma para si as nossas sujeiras, as nossas impurezas.”

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O trecho do Evangelho registra também o convite que Jesus fez ao leproso curado: que se apresentasse ao sacerdote para que fosse novamente incluído na sociedade. Além da proximidade, também é importante para Jesus a inclusão.

“Tantas vezes penso que seja, não digo impossível, mas muito difícil fazer o bem sem sujar as mãos. E Jesus se sujou. Proximidade. E depois vai além. (…) Quem estava excluído da vida social, Jesus inclui: inclui na Igreja, inclui na sociedade… Ele jamais marginaliza alguém, jamais. Marginaliza a si mesmo para incluir os marginalizados, para nos incluir, pecadores, marginalizados, com a sua vida”.

Proximidade é estender a mão

O Papa ressaltou a admiração que Jesus suscita com as suas afirmações e os seus gestos. “Quantas pessoas seguiram Jesus naquele momento e seguem Jesus na história porque ficam impressionadas pelo modo como fala”

“Quantas pessoas olham de longe e não entendem, não lhes interessa… Quantas pessoas olham de longe, mas com o coração mau, para testar Jesus, para criticá-lo, para condená-lo… E quantas pessoas olham de longe porque não têm a coragem que ele teve de se aproximar, mas têm tanta vontade de fazê-lo! E naquele caso, Jesus estendeu a mão, antes. No seu ser estendeu a mão a todos, fazendo-se um de nós, como nós: pecador como nós, mas sem pecado, mas sujo dos nossos pecados. E esta é a proximidade cristã”.

“Proximidade” é uma bela palavra, concluiu Francisco, convidando os fiéis a um exame de consciência: “Eu sei aproximar-me? Tenho ânimo, força, coragem de tocar os marginalizados?”. Essas são perguntas, disse, que dizem respeito também à Igreja, às paróquias, às comunidades, aos consagrados, aos bispos, aos padres, a todos.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Saiba mais sobre o Santo Sudário

O Papa Francisco visitou no último domingo, 21, a catedral que abriga o Santo Sudário, em Turim, na Itália. No último século, a exposição ocorreu nove vezes, a última feita em 2013, e acontece sempre em situações especiais. Desta vez, o Linho Sagrado foi exposto por ocasião do Bicentenário do Nascimento de Dom Bosco. Conheça os detalhes do Santo Sudário.

Reportagem de Danusa Rego e Paulo Pereira


"Turim: Exposição do Sudário recebeu dois milhões de pessoas"

Destas, entre 750 mil e 800 mil pessoas visitaram o local durante a passagem do Papa Francisco, nos dias 20 e 21 de junho

Da redação, com agências

A exposição do Santo Sudário em Turim, Itália, recebeu desde a sua inauguração em 21 de abril até seu encerramento nesta quarta-feira, 24, cerca de dois milhões de pessoas. Destas, entre 750 mil e 800 mil pessoas visitaram o local durante a passagem do Papa Francisco, nos dias 20 e 21 de junho.

A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 25, pelo arcebispo de Turim, monsenhor Cesare Nosiglia, que recordou a visita do Santo Padre ressaltando a “atitude humilde” do Pontífice.

“Ele não fez discursos porque, naquele momento, ele era um peregrino entre os peregrinos. O seu discurso foi feito com orações, com silêncio e com gestos. Aquele carinho na tela foi um gesto de atenção e tenacidade nos confrontos daquele que deu a vida por nós”, disse o arcebispo.

O religioso destacou que entre o Santo Sudário e a visita do Pontífice, a cidade precisou gerir quase três milhões de presenças e o “fez da melhor maneira possível”.

Ressaltando a importância do momento, monsenhor Monsiglia ressaltou que essa foi “uma das maiores participações” quando o tecido foi exposto e deu “confiança e esperança” para os moradores de Turim.

"Rezar e trabalhar juntos pela paz, diz Papa aos judeus"

O Papa Francisco recebeu na Sala dos Papas 20 membros de uma organização judaica, a B’nai B’rith International

Da redação, com Rádio Vaticano

Na manhã desta quinta-feira, 25, o Papa Francisco recebeu na Sala dos Papas 20 membros de uma organização judaica que mantém contato com a Santa Sé desde quando foi promulgada a Declaração conciliar Nostra aetate, a Delegação da B’nai B’rith International.

O Pontífice disse aos presentes que constituiu uma pedra fundamental no caminho de recíproco conhecimento e estima que os judeus e católicos tenham como base o grande patrimônio espiritual que, “graças a Deus, temos em comum”.

Após ter recordado os 50 anos de história do diálogo sistemático entre a Igreja Católica e o Hebraísmo, o Papa afirmou que são ainda muitos os campos nos quais hebreus e cristãos podem continuar a trabalhar juntos pelo bem da humanidade do tempo atual.

Trabalho em conjunto

“O respeito pela vida e pela criação, a dignidade humana, a justiça, a solidariedade podem nos ver unidos para o desenvolvimento da sociedade e para assegurar um futuro rico de esperança para as próximas gerações. Em particular maneira, somos chamados a rezar e a trabalhar juntos pela paz.”

O Papa continuou dizendo que infelizmente são muitos os países e regiões do mundo que vivem em situação de conflito, “penso em particular na Terra Santa e no Oriente Médio, e que requerem um compromisso corajoso pela paz: ela não só deve ser desejada, mas procurada e construída com paciência e persistência, com a participação de todos, especialmente daqueles que crêem.”

Amizade entre hebreus e católicos

O Papa Francisco recordou ainda com gratidão todos aqueles que trabalharam pela amizade entre hebreus e católicos:

“Em particular, eu gostaria de mencionar São João XXIII e São João Paulo II. O primeiro salvou muitos hebreus durante a Segunda Guerra Mundial, encontrou-os muitas vezes e quis fortemente um documento conciliar sobre este tema; do segundo são sempre vivos em nossa memória alguns históricos gestos, tais como a visita a Auschwitz e à Sinagoga de Roma”.

“Seguindo seus passos, com a ajuda de Deus, desejo continuar a caminhar, encorajado também por muitos belas experiências de encontro e amizade vividas em Buenos Aires”, finalizou Francisco.

"Igreja é ponte que constrói a comunhão, diz Papa"

O Papa Francisco recebeu cerca de cinquenta membros da escola de formação diplomática do Vaticano, a Pontifícia Academia Eclesiástica

Da redação, com Rádio Vaticano

Nesta quinta-feira, 25, o Papa Francisco recebeu, na Sala do Consistório, no Vaticano, cerca de cinquenta membros da comunidade da Pontifícia Academia Eclesiástica que concluíram um ano de estudos e vida comunitária. A Pontifícia Academia Eclesiástica é a escola de formação diplomática do Vaticano.

O Pontífice agradeceu-lhes por terem colocado suas vidas à disposição da Igreja e da Santa Sé e os encorajou a prosseguirem com alegria e serenidade neste caminho.

Francisco sublinhou alguns pontos dessa caminhada. Em primeiro lugar, a missão. “Vocês se preparam para representar a Santa Sé nas nações e nas Igrejas locais às quais serão destinados. A Santa Sé é a sede do Bispo de Roma, a Igreja que preside no amor, que não se fundamenta no orgulho vão de si, mas na coragem cotidiana da condescendência, ou seja, do abaixamento de seu Mestre”, disse.

A Igreja é ponte que constrói a comunhão

Segundo o Papa, “a verdadeira autoridade da Igreja de Roma é o amor de Cristo. Esta é a única força que a torna universal e crível aos homens e ao mundo. Este é o coração de sua verdade que não constrói muros de divisão e exclusão, mas se torna ponte que constrói a comunhão e chama o gênero humano para a unidade. Esta é a sua força secreta que alimenta a sua esperança tenaz e invencível, não obstante as derrotas momentâneas”.

O pontífice destacou que não se pode representar alguém sem refletir os seus traços, sem evocar o seu rosto. “Jesus disse: ‘Quem me viu, viu o Pai’. Vocês não são chamados a serem altos funcionários de um Estado, uma casta superior que se preserva, querida nos salões mundanos, mas a serem vigilantes de uma verdade que sustenta aqueles que a propõem.”

O Papa frisa que é importante não se tornarem áridos por causa das mudanças contínuas e que não se deixem esvaziar pelo cinismo, nem esmaecer o rosto Daquele que está na raiz do próprio percurso.

“Preparem-se para se tornar pontes, pacificando e integrando na oração e no combate espiritual, as tendências a se colocar acima dos outros, a suposta superioridade do olhar que impede o acesso à substância da realidade, a pretensão de saber tudo”, frisou.
Tutelar a liberdade da Sé Apostólica

Francisco disse ainda que o representante pontifício é chamado “a tutelar a liberdade da Sé Apostólica que para não trair a sua missão diante de Deus e para o verdadeiro bem dos homens não pode se deixar aprisionar pelas lógicas de certos grupos, se sujeitar aos poderes políticos e se deixar colonizar pela hegemonia ilusória da corrente principal”.

“Vocês são chamados a buscar nas Igrejas e nos povos o bem que deve ser incentivado. Para realizar bem essa missão é preciso depor o comportamento de juiz e usar a veste do pedagogo, daquele que é capaz de fazer sair das Igrejas e de seus ministros os potenciais do bem que Deus não deixa de semear”, sublinhou.

Coragem de arar o terreno

O Santo Padre exortou a comunidade da Pontifícia Academia Eclesiástica a não esperar o terreno pronto, mas ter a coragem de ará-lo com as próprias mãos, de prepará-lo para a semeadura, esperando a colheita com a paciência de Deus.

“A missão do representante pontifício requer a busca de pastores autênticos, com a inquietação de Deus e com a perseverança da Igreja. A missão que um dia vocês serão chamados a desempenhar os levará a Europa, que precisa se despertar; África, sedenta de reconciliação; América Latina, faminta de nutrição e interioridade; América do Norte, que precisa redescobrir as raízes de uma identidade que não se define a partir da exclusão; Ásia e Oceania, desafiadas pela capacidade de fermentar na diáspora e dialogar com a vastidão de culturas ancestrais.”

Francisco conclui pedindo para que os membros não se desencorajem com as dificuldades que inevitavelmente encontrarão.

"Papa: não aos pastores que falam demais e ouvem pouco"

Na homilia de hoje, Francisco destacou a importância da escuta da Palavra de Deus; quem fala demais e ouve pouco é um “pseudocristão”, um “pseudopastor”

Da Redação, com Rádio Vaticano

Na homilia de hoje, Francisco fala da necessidade de ouvir a Palavra de Deus / Foto: L’Osservatore Romano

Na Missa desta quinta-feira, 25, o Papa Francisco se dedicou à distinção entre os verdadeiros pregadores do Evangelho e os “pseudoprofetas”. O Santo Padre enfatizou a importância não só de falar e fazer, mas de ouvir. É preciso ouvir a Palavra de Deus para edificar as obras sobre essa rocha.

Francisco elencou três palavras-chave para compreender a diferença entre os verdadeiros pregadores do Evangelho e os falsos profetas: falar, fazer e ouvir. Jesus chegou a advertir os discípulos sobre os falsos profetas e disse: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus”:

“Esses falam, fazem, mas lhes falta outra atitude, que é a base, que é o próprio fundamento do falar, do fazer: a eles falta o ouvir. O binômio falar-fazer não é suficiente, engana-nos tantas vezes. E Jesus muda e diz: o binômio é outro, ouvir e fazer, colocar em prática. ‘Quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática será semelhante a um homem sábio que edificou a sua casa sobre a rocha’”.

Pelo contrário, lembrou o Papa, quem ouve as palavras, mas as deixa passar será como aquele que constrói sobre a areia. São pessoas que falam, fazem prodígios, mas não têm o coração aberto para ouvir a Palavra de Deus. Eles têm medo do silêncio da Palavra de Deus, são os “pseudocristãos”, os “pseudopastores”.

“Falta-lhes a rocha do amor de Deus, a rocha da Sua Palavra. Sem essa rocha não podem profetizar, não podem construir: fazem de conta, porque no final tudo desaba. São os pseudopastores, os pastores mundanos, os pastores ou cristãos que falam muito, que têm medo do silêncio, talvez fazem muito, mas são incapazes de construir dessa escuta, fazem a partir do que falam, não de Deus”.

O Papa pediu que os fiéis se lembrem dessas três palavras – fazer, ouvir e falar –, pois uma pessoa que só fala e faz não é um verdadeiro profeta, não é um verdadeiro cristão e, no fim, tudo irá desabar, pois não estão fundamentadas na rocha do amor de Deus.

“Uma pessoa que sabe ouvir e depois de ouvir faz, com a força da palavra de outro, não da sua, essa pessoa permanece firme, não obstante seja humilde, não seja importante. Existem muitas dessas pessoas grandes na Igreja! Quantos bispos, sacerdotes e fiéis grandes que sabem ouvir e depois de ouvir agem!”

O Papa citou como exemplo dos dias atuais Madre Teresa de Calcutá, que não falava, mas, no silêncio, sabia escutar e fez muito. “Nem ela nem sua obra desabaram. Os grandes sabem ouvir e depois fazem, porque a sua confiança e a sua força estão na rocha do amor de Jesus Cristo. A fraqueza de Jesus, que de forte se fez fraco para nos tornar fortes, nos acompanhe nesta celebração e nos ensine a ouvir e a construir dessa escuta, não de nossas palavras”, concluiu Francisco.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

"Papa fala sobre reflexos dos conflitos familiares nos filhos"

Na catequese de hoje, Papa alertou sobre os conflitos no próprio ambiente familiar, destacando a ferida que isso causa na vida dos filhos

Da Redação, com Rádio Vaticano 

Problemas de convivência familiar, quando a família fere a si mesma. Este foi o foco do Papa Francisco na catequese desta quarta-feira, 24, seguindo o ciclo de reflexões sobre família. Ele falou, em especial, dos casos em que os desentendimentos entre os pais ferem a vida dos filhos.

Francisco destaca o sofrimento dos filhos quando há ressentimentos entre os casais / Foto: Reprodução CTV

Nas catequeses anteriores, Francisco vinha falando de algumas fragilidades da condição humana, como a pobreza, a doença e a morte. Mas hoje ele quis se dedicar às fragilidades que existem dentro da própria família e que, em vez de exprimir amor acabam mortificando o ambiente familiar. Uma delas foi o fato das desavenças entre os casais recair sobre os filhos.

“Quando os adultos perdem cabeça, quando cada um pensa apenas em si mesmo, quando o pai e a mãe se agridem, a alma dos filhos sofre imensamente, sentem-se desesperados. E nós? Não obstante a nossa sensibilidade, tão evoluída, parece que ficamos anestesiados diante das feridas profundas nas almas das crianças”.

Uma vez que tudo na família está interligado, Francisco explicou que quando o casal pensa obsessivamente em suas próprias exigências de liberdade e gratificação, essa distorção fere o coração e a vida dos filhos.

“Temos que entender bem isso: o marido e a mulher são uma só carne; mas as suas criaturas são carne da sua carne. Quando se pensa na dura advertência que Jesus fez aos adultos para não escandalizarem os pequeninos, pode-se compreender melhor a sua palavra sobre a grave responsabilidade de salvaguardar o vínculo conjugal que dá início à família humana. Quando o homem e a mulher se tornam uma só carne, todas as feridas e todo o abandono do pai e da mãe incidem na carne viva dos filhos”.

Francisco ressaltou que há casos em que a separação é inevitável; às vezes pode se tornar até moralmente necessária, quando se fala de salvar o cônjuge mais frágil, ou filhos pequenos, de feridas causadas pela prepotência e a violência, das humilhações e da exploração, da indiferença.

Terminando a catequese, o Papa destacou a questão do acompanhamento pastoral desses casais que se separaram, um ponto destacado por ele diversas vezes ao longo dos debates do Sínodo Extraordinário sobre a Família. Essa é uma questão que será ressaltada também no próximo encontro sinodal, em outubro.

“Ao nosso redor, há muitas famílias que se encontram na situação chamada ‘irregular’ (palavra de que não gosto). Nós nos perguntamos: Como ajudá-las? Como acompanhá-las para que as crianças não sejam ‘reféns’ do pai ou da mãe? Peçamos ao Senhor uma fé grande para vermos a realidade com o olhar de Deus; e uma caridade grande, para nos aproximarmos destas pessoas com coração misericordioso”.

terça-feira, 23 de junho de 2015

"Sínodo da Família: Vaticano apresenta Documento de Trabalho"

Documento apresenta as orientações gerais para o trabalho dos bispos; casais de segunda união e abertura dos casais à vida estão entre as preocupações

Da Redação, com informações do Vaticano

Assembleia sinodal voltará a discutir questões sobre família / Foto: Arquivo

O Vaticano apresentou nesta terça-feira, 23, o Documento de Trabalho da 14ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada à família. O texto dividido em três partes retoma preocupações com a situação dos casais de segunda união e com a abertura dos casais à vida, além de discutir os desafios da família e sua missão no mundo de hoje.

O Documento de Trabalho é o ponto de referência durante toda a Assembleia, que será realizada de 4 a 25 de outubro próximo. Ele foi elaborado a partir das discussões da última assembleia sinodal e contou com a contribuição de dioceses, paróquias e fiéis em todo o mundo, que foram consultados sobre a temática familiar.

Uma das discussões aguardadas no Sínodo, desde a primeira etapa realizada em outubro do ano passado, é a situação dos casais divorciados. O documento apresentado hoje reafirma a indissolubilidade do matrimônio e não deixa de atentar sobre a necessidade de acompanhamento para os casais que chegaram à separação.

“Deve ser acolhido e valorizado sobretudo o sofrimento daqueles que sofreram injustamente a separação, o divórcio ou abandono, ou que têm sofrido maus tratos do cônjuge de forma a romper a convivência”, relata o texto.

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O documento trata também dos casos de nulidade e de segunda união. Reitera-se, com relação aos divorciados que se casaram novamente no âmbito civil, a necessidade de atenção, acompanhamento e reintegração na comunidade cristã, o que deve ser feito com discernimento.

Outra preocupação é com relação à abertura dos casais à vida, ou seja, sua abertura para ter filhos. “Não é difícil constatar a difusão de uma mentalidade que reduz a geração da vida a uma variável da projeção individual ou do casal”, refere o texto. O documento fala de fatores de ordem econômica que às vezes são determinantes para a queda da taxa de natalidade.

“A abertura à vida é exigência intrínseca do amor conjugal (…) Foi salientado que é preciso continuar a divulgar os documentos do Magistério da Igreja que promovem a cultura da vida diante de uma cultura da morte cada vez mais difundida”.

Outros pontos

Não falta no documento uma reflexão sobre os desafios que as famílias enfrentam nos dias de hoje. Elenca-se, por exemplo, a questão da pobreza, da exclusão social, da terceira idade, da viuvez, do luto na família e das migrações.

Quando aborda a vocação da família, o texto ressalta pontos importantes como a dimensão missionária da família, a indissolubilidade do matrimônio e a relação entre a família e a vida da Igreja.

Na terceira e última parte do documento, o foco é para a missão da família hoje, incluindo a preparação ao matrimônio, o empenho sócio-político em favor da família e a necessidade de um acompanhamento eclesial à família.

Na apresentação do Documento de Trabalho, realizada em coletiva de imprensa no Vaticano, atenderam a imprensa o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, o relator-geral da 14ª Assembleia Geral Ordinária, Cardeal Péter Erdő, e o secretário especial Dom Bruno Forte.

A próxima 14ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos terá como tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.

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segunda-feira, 22 de junho de 2015

"Papa pede perdão por atitudes não cristãs contra os valdenses"

Papa Francisco encontrou-se com pastores da Igreja Valdense em Turim; em nome da Igreja Católica, pediu perdão por todas as atitudes não cristãs cometidas contra eles ao longo da história

Da Redação, com Rádio Vaticano

Francisco fala aos pastores e fiéis da Igreja Evangélica Valdense em Turim / Foto: Reprodução CTV

Em atitude de humildade, o Papa Francisco pediu perdão à Igreja Evangélica Valdense em Turim, na Itália, por todos as atitudes não cristãs cometidas contra eles ao longo da história. O gesto do Sumo Pontífice aconteceu durante o encontro com pastores valdenses nesta segunda-feira, 22, no segundo e último dia de sua visita à cidade italiana.

“Por parte da Igreja Católica, eu lhes peço perdão pelas atitudes e pelos comportamentos não cristãos, até mesmo não humanos que, na história, tivemos contra vocês. Em nome do Senhor Jesus Cristo, perdoem-nos!”.

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O pedido de perdão por parte do Papa se inseriu no contexto da unidade cristã enfatizada em seu discurso. A unidade não significa uniformidade, explicou o Santo Padre, ressaltando que os irmãos por não aceitarem a diversidade acabam fazendo guerra uns contra os outros. E como fruto desta intolerância, foram cometidos atos de violência em nome da própria fé.

Francisco destacou que, nos dias de hoje, as relações entre católicos e valdenses são sempre mais fundamentadas no respeito mútuo e na caridade fraterna. Entre os campos de colaboração comum, estão a evangelização e o serviço à humanidade que sofre.

“A escola dos pobres, dos últimos, daqueles que a sociedade exclui, nos aproxima do coração de Deus, que se fez pobre para nos enriquecer com a Sua pobreza e, consequentemente, nos aproxima mais uns dos outros.”

Recordando que a comunhão se faz caminhando, com a contínua conversão pessoal e comunitária, Sua Santidade agradeceu a todos pelo encontro, uma ocasião que, para ele, deve confirmar um novo modo de ser uns com os outros. “Olhando antes de tudo para a grandeza da nossa fé comum e da nossa vida em Cristo e Espírito Santo e, somente depois, para as divergências que ainda suscitam.”

Com a visita à Igreja Valdese, o Papa encerrou seus compromissos públicos em Turim. No fim da manhã, ele se encontrou com alguns de seus familiares, na sede do Arcebispado, para os quais presidiu a Santa Missa.

Antes de deixar a cidade, o Papa Francisco se encontrará com os membros do Comitê da Exposição do Sudário, os organizadores e os financiadores da visita. Às 17h30, no horário local, o Papa partirá de Turim rumo a Roma.

Papa pede “anticorpos” contra a cultura do descarte

Na visita a Turim, Papa visitou doentes e pediu que se desenvolvam anticorpos para combater a cultura do descarte

Da Redação, com Rádio Vaticano

Em sua visita a Turim neste domingo, 21, o Papa Francisco teve um encontro com os doentes e portadores de necessidades especiais da cidade. Na Igreja de Cottolengo, Francisco voltou a descartar a cultura do descarte, que faz vítimas como os idosos atendidos pela Pequena Casa da Providência, em Turim. Ele pediu que haja “anticorpos” para combater esse fenômeno.

Essa cultura é fruto, segundo o Papa, de uma crise antropológica que não coloca o homem no centro, mas o consumo e os interesses econômicos. O Papa ressaltou que a longevidade nem sempre é vista como um dom de Deus, mas muitas vezes como um peso difícil de sustentar, sobretudo quando a saúde é fortemente comprometida. E este comportamento faz mal à sociedade, afirmou.

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“O nosso dever é desenvolver ‘anticorpos’ contra este modo de considerar os idosos, ou as pessoas com deficiências, como se fossem vidas não dignas de serem vividas. Que o exemplo de Cottolengo, que amou estas pessoas nos ensine a olhar com outros olhos para a vida e a pessoa humana”

Francisco lembrou que os doentes são membros preciosos da Igreja, são a carne de Cristo Crucificado que a Igreja tem a honra de tocar e servir com amor.

São José Benedito Cotolengo nasceu em Brá, na província de Cuneo, no norte da Itália, no dia 3 de maio de 1786. Foi ordenado sacerdote na Diocese de Turim. Fundou a Congregação religiosa da Pequena Casa da Divina Providência e as Damas da Caridade ou Cotolenguinas, com a finalidade de servir os pequeninos, os deficientes e os doentes.

Os fundos deveriam vir apenas das doações e da ajuda das pessoas simples. Padre José Benedito Cotolengo tinha como lema “caridade e confiança”: fazer todo o bem possível e confiar sempre em Deus. Comprou uma hospedaria abandonada na periferia da cidade e a reabriu com o nome de “Pequena Casa da Divina Providência”.

domingo, 21 de junho de 2015

"No Angelus, Papa consagra Turim a Nossa Senhora"

A Ela consagrou, de modo particular, as famílias, os jovens, os idosos, os prisioneiros e todos os sofredores, com especial atenção aos doentes de leucemia.

Da redação, com Rádio Vaticano

Após a solene Celebração Eucarística, neste domingo, 21, na Praça Vitório Vêneto, no centro de Turim, o Papa Francisco passou à oração do Angelus.

“O Sudário atrai pelo rosto e o corpo martirizado de Jesus, mas, ao mesmo tempo, conduz ao rosto de cada pessoa sofredora e perseguida injustamente” / Foto: Reprodução CTV

Em sua mensagem, o Santo Padre afirmou que o ícone do amor de Cristo é o sudário que continua a atrair muitas pessoas a Turim.


“O Sudário atrai pelo rosto e o corpo martirizado de Jesus, mas, ao mesmo tempo, conduz ao rosto de cada pessoa sofredora e perseguida injustamente. Ele nos conduz para a mesma direção do dom de amor de Jesus: ‘Caritas Christi urget nos‘ – o Amor de Cristo nos interpela! Esta palavra de São Paulo se tornou o lema de São José Benedito Cotolengo”.

Evocando o ardor apostólico de tantos sacerdotes daquela terra, partindo de Dom Bosco, do qual a Igreja recorda o bicentenário de nascimento, o Pontífice cumprimentou, com gratidão, os sacerdotes e os religiosos presentes.

“Vocês se dedicam, com esforço, ao trabalho pastoral e estão ao lado das pessoas e dos seus problemas. Encorajo-os, pois, a continuar, com alegria, seu ministério, visando sempre o essencial no anúncio do Evangelho. Agradeço também a presença dos irmãos Bispos do Piemonte e os exorto a permanecer sempre ao lado dos seus sacerdotes, com carinho paternal e calorosa proximidade”, disse-lhes o Papa.

O Bispo de Roma concluiu sua reflexão mariana, consagrando, à Virgem Maria, a cidade de Turim, o seu território e os que nele habitam, para que possam viver na justiça, na paz e na fraternidade. A Ela consagrou, de modo particular, as famílias, os jovens, os idosos, os prisioneiros e todos os sofredores, com especial atenção aos doentes de leucemia.

Ao término da celebração Eucarística, o Pontífice se deslocou para o Arcebispado. No caminho, foi cumprimentado por uma grupo de cadetes da Escola de Formação Militar.

"Papa fala de castidade, serviço e critica cultura que descarta jovens"



O encontro com a juventude foi o último compromisso do Papa Francisco na visita à Turim, Itália

Rodrigo Luiz dos Santos 
Da redação

No final da tarde deste domingo, 21, o Papa Francisco respondeu perguntas de três jovens na Praça Vittorio Veneto, às 18h (Itália), 14h (Brasília). Chiara, Sara e Luigi apresentaram suas dúvidas. O Papa Francisco preferiu “responder com coração”, deixando de lado o discurso preparado anteriormente.

Foto: Reprodução CTV

O Santo Padre indicou aos jovens três palavras: amor, vida, amigos. Em comum, elas têm a “vontade de viver”, como raiz comum. “Viver, não apenas fingir de viver”, recordou o Papa ao citar uma frase do beato Pier Giorgio Frassati.

Em relação ao amor, respondendo a pergunta de Chiara, uma jovem cadeirante, Francisco disse que “o que nos move é a vontade de amar”. “‘Deus é amor'; quando o jovem vive e ama, não se ‘aposenta’”. Afirmou que o deixa triste ver jovens que não se movem. “É como ‘vegetal’, não é uma vida que se move, mas parada. Fico muito triste quando vejo um jovem ‘aposentado’ com 20 anos. Envelheceu muito rápido”, destacou.

O Santo Padre disse que o amor é bem diferente daquilo que mostram as novelas. “O amor tem duas asas sobre as quais se move. Se uma pessoa não tem essas duas asas não é amor”, explicou. A primeira dimensão está mais nas obras do que nas palavras. “O amor é concreto. Não basta dizer que ama, mas é preciso mostrar em gestos, como se dá o amor”, disse. A segunda dimensão do amor é comunicar. “O amor sempre se comunica. Escuta e responde. Se faz no diálogo, na comunhão. Não é surdo, nem mudo, mas comunica. O amor não é um sentimento romântico, mas é concreto e se comunica”, concluiu.

“Muitas vezes nos sentimos decepcionamos no amor, mas como podemos experimentar o amor?”, foi a pergunta de Chiara, uma jovem inclinada à arte, mas que não consegue arrumar emprego. Francisco acrescentou que o amor está nas obras e no diálogo, mas também o amor respeito, não se pode usar as pessoas. “O amor é casto. Neste mundo hedonista, digo para vocês: sejam castos!”. “Digo algo que vocês não esperavam: ‘façam o esforço de viver o amor castamente’. Com isso, há uma consequência: o amor se sacrifica pelos outros. Vejam o exemplo dos pais que se sacrificam por seus filhos. Isso é amor”, disse Francisco.

Ainda respondendo a pergunta de Sara, apaixonada por teatro, o Pontífice declarou que entende quando jovens falam de desconfiança. “Hoje vivemos um cultura do descartável. São descartados crianças e idosos porque não são úteis. Além disso, há o descarte de jovens que não estudam nem trabalham representando 40% da população”, afirmou. Em relação a esses desafios, indicou que “nossa segurança não pode estar nos poderes mundanos” e orientou todos a se colocarem a serviço do próximo.

“Vamos a uma outra palavra-chave: o amor é serviço. Servir aos outros. Depois que Jesus lavou os pés dos apóstolos explicou que existimos para servir uns aos outros. Se digo que amo, mas não me sacrifico pelo outro, isso não é amor”, declarou ao responder a pergunta de Luigi, 26 anos.

O universitário que estuda engenharia civil, é responsável por sete oratórios. O estudante busca levar o “oratório em saída”, nos lugares onde os jovens estão, inclusive fora do ambiente paroquial. Luigi pediu ajuda ao Papa para encontrar um caminho para manifestar o amor por Jesus para com todos.

“Para dar a resposta, passo à pergunta do Luigi. Ele falou de um projeto de compartilhamento, ou seja, de construção. Devemos seguir adiante com nossos projetos de construção. Isso não decepciona. Se você se envolve em um projeto para ajudar crianças de rua, não apenas para dar comida, mas para promover a sociedade, o sentimento de desconfiança vai embora, vai embora também a vontade de se aposentar cedo. É preciso seguir contra a maré”, afirmou.

Como antídoto contra a cultura do prazer, incentivou os jovens a fazerem coisas construtivas, mesmo que sejam pequenas. “Sejam corajosos e criativos. Muitas vezes, as publicidades querem convencer vocês a acreditarem em ilusões. Não sejam ingênuos”, exortou.

Francisco pediu que a juventude viva a realidade. “É preciso compreender esta terra onde se vive. No final de 1800, as condições eram muito difíceis porque tinha a maçonaria, os anticlericais, os demoníacos. Turim vivia um dos momentos mais difíceis da história da Itália, mas pesquisem na casa de vocês quantos santos surgiram naquela época. Eles viveram a realidade e seguiram contramaré, tornando a vida um serviço para os outros. ‘Se quiser fazer algo grande na vida, viva, não faça de conta que vive’”, finalizou repetindo as palavras do beato Pier Giorgio Frassati. Aos universitários, exortou a servirem especialmente os mais pobres.

"O amor de Deus é estável e seguro, afirma Papa em Turim"

“O amor de Deus é estável e seguro. O Senhor vai ao encontro do homem e lhe oferece a rocha do seu amor, à qual cada um pode ancorar”, afirmou o Papa Francisco

Da redação, com Rádio Vaticano

Após encontrar-se com os trabalhadores e rezar diante do Santo Sudário, o Papa Francisco celebrou a Missa neste domingo, 21, na presença de cerca de 50 mil fiéis e numerosos bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, sobretudo salesianos.

“O Senhor vai ao encontro do homem e lhe oferece a rocha do seu amor, à qual cada um pode ancorar, na certeza de não sucumbir” / Foto: Reprodução CTV

Em sua homilia, o Papa partiu da liturgia do dia, cujas leituras mostram como é grande o amor de Deus: “é um amor fiel, um amor que recria tudo, um amor estável e seguro”.


“Jesus nos ama sempre, até o fim, sem limites e sem medida. Ele ama a todos. A fidelidade de Jesus não se rende, nem mesmo diante da nossa infidelidade. Jesus permanece fiel, mesmo quando erramos e nos espera para nos perdoar: Ele é o rosto do Pai misericordioso. Eis o amor fiel!”, disse o Papa.

Em seguida, o Santo Padre ressaltou que reconhecer as próprias limitações, as próprias fraquezas, é a porta para perdão de Jesus, ao seu amor, que renova em profundidade e recria.

“A salvação pode entrar no coração se nos abrirmos à verdade e reconhecermos os nossos erros, os nossos pecados; desta forma, fazemos uma bela experiência daquele que veio, não para os sãos, mas para os enfermos; não para os justos, mas para os pecadores; experimentamos a sua paciência, a sua ternura, o seu desejo de salvar a todos”, disse.

E o Pontífice perguntou: Mas, qual é o seu sinal? E respondeu: “O sinal é que somos renovados e transformados pelo amor de Deus; fomos despojados das vestes deterioradas e velhas dos rancores e das inimizades, para sermos revestidos da túnica limpa da mansidão, da benevolência, do serviço aos outros, da paz no coração, daquela própria dos filhos de Deus”.

O espírito do mundo, recordou o Papa, está sempre à busca de novidades, mas somente a fidelidade de Jesus é capaz da verdadeira novidade: “tornar-nos homens novos”, apontou o Pontífice.

“Portanto, o amor de Deus é estável e seguro. O Senhor vai ao encontro do homem e lhe oferece a rocha do seu amor, à qual cada um pode ancorar, na certeza de não sucumbir. Quantas vezes pensamos que não iríamos conseguir! Ele está ao nosso lado, com a mão estendida e o coração aberto”, considerou.

Neste sentido, o Bispo de Roma levantou uma série de questões em relação do nosso amor para com Deus e considerou:

“Também nós, cristãos, corremos o risco de deixar-nos paralisar pelo medo do futuro, buscando a certeza em coisas que passam ou em modelos de uma sociedade obtusa, que tende mais a excluir, que incluir. Nesta terra, cresceram tantos Santos e Beatos, que acolheram o amor de Deus e o difundiram pelo mundo: santos livres e obstinados!”

O Pontífice disse que todos podem compartilhar as dificuldades dos povos, das famílias, especialmente daquelas mais frágeis e sofridas pela crise econômica. “As famílias precisam sentir o carinho materno da Igreja para prosseguir na vida conjugal, na educação dos filhos, no cuidados dos idosos, como também na transmissão da fé às jovens gerações”, afirmou.

Por fim, o Santo Padre pediu ao Espírito Santo que ajude os fiéis a serem conscientes deste amor que os torna capazes de não se fechar, diante das dificuldades, mas de enfrentar a vida com coragem e encarar o futuro com esperança.

sábado, 20 de junho de 2015

"O desemprego é a verdadeira e própria chaga social, diz Papa"

O Papa Francisco encerrou sua série de audiências sucessivas recebendo na Sala Clementina, membros da Federação Nacional dos Cavaleiros do Trabalho

Da redação, com Rádio Vaticano

O Papa disse para os membros da Federação Nacional dos Cavaleiros do Trabalho que o desemprego é a verdadeira e própria chaga social / Fonte: L’Osservatore Romano

Neste sábado, 20, o Papa Francisco encerrou sua série de audiências sucessivas recebendo, na Sala Clementina, cerca de 400 membros da Federação Nacional dos Cavaleiros do Trabalho.

Em seu discurso, o Santo Padre se referiu, inicialmente, à da Medalha “Honra ao Mérito do Trabalho”, atribuída, este ano, à Federação. Tal condecoração constitui, há mais de cem anos, um importante reconhecimento do Estado a quem mais se distingue no mundo empresarial e econômico, contribuindo para a criação de novos postos de trabalho e o lançamento de produtos italianos no mercado mundial.

O Papa acrescentou dizendo que “esta obra, pela qual vocês foram condecorados é, mais do que nunca preciosa, em um tempo como o nosso, que, depois de uma crise econômico-financeira, passou por uma pesada estagnação e uma verdadeira recessão, em um contexto social já tão marcado por desigualdades e desemprego, especialmente aquele juvenil”.

O desemprego é uma verdadeira e própria chaga social, porque priva os jovens de um elemento essencial para a sua realização e, o mundo econômico, da contribuição de forças juvenis. O mundo do trabalho deveria ter a expectativa de poder contar com jovens preparados e desejosos de trabalhar e progredir. Não obstante, a impressão é que eles não servem para nada. Este é um sintoma de uma disfunção grave, que não pode ser atribuída somente a causas globais ou internacionais.

O Pontífice explicou que o ensinamento social da Igreja adverte, continuamente, para este critério fundamental: “o ser humano deve estar ao centro do desenvolvimento e, enquanto homens e mulheres permanecerem passivos ou marginalizados, não pode haver bem comum. Vocês se distinguiram porque ousaram e arriscaram, investiram ideias, energias e capitais, fazendo-os frutificar. Eis o alcance social do trabalho: a capacidade de envolver as pessoas e confiar-lhes responsabilidades, estimulando sua criatividade e esforço”.

A economia concorre para um autêntico desenvolvimento se estiver arraigada na justiça e no respeito das leis da economia, sem marginalizar indivíduos e povos, mantendo distância da corrupção e dos maus negócios e preservando o ambiente natural.

Enfim, concluiu o Pontífice, devemos defender a causa dos menos favorecidos e dos pobres.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

"Menina apedrejada após culto é recebida por Dom Orani"

A menina ‪Kailane‬ Campos, de 11 anos, que foi atingida por uma pedrada na cabeça após culto de candomblé é recebida pelo cardeal Orani Tempesta

                  Da redação, com Arquidiocese do Rio

O cardeal Orani Tempesta recebeu a menina Kailane‬ Campos em sua residência na manhã desta sexta-feira, 11 / Foto: Arquidiocese do RJ

O arcebispo do Rio, cardeal Orani João Tempesta, recebeu na manhã desta sexta-feira, 19, a menina ‪Kailane‬ Campos, de 11 anos, que foi atingida por uma pedra, na cabeça, no último domingo, 14, quando saía de um culto do candomblé.

No encontro, o cardeal expressou sua solidariedade e reafirmou sua abertura ao diálogo com outras religiões. Representantes da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso, e da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa também participaram da reunião, além da avó de Kailane, Kátia Marinho, que acompanhava a menina quando ela foi apedrejada.

“A Igreja Católica sempre esteve aberta ao diálogo inter-religioso e já há muito tempo, desde que cheguei aqui no Rio, temos tido muitos encontros. A Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio2013), por exemplo, também foi um belo e grande momento de partilhas com as religiões. E quando vemos que a nossa cidade começa a dar sinais de intolerância religiosa, de não mais aceitar o outro, isso nos causa uma grande preocupação”, afirmou o cardeal.

Dom Orani disse a Kailane, à avó, e aos outros, que a postura cristã é de quem acredita que todos são criados por Deus e cada um tem a sua dignidade.

“Somos pessoas humanas, chamados a viver respeitando-nos mutuamente independente de etnia, religião e ideologia. Enquanto alguém que se preocupa com o diálogo inter-religioso conclamo a sociedade para que veja que aqui, no Rio de Janeiro, a cultura sempre foi de entendimento, fraternidade e compreensão. Que possamos conviver cada um respeitando a condição do outro”, exortou o arcebispo do Rio.

Nas redes sociais, os internautas elogiaram a atitude do arcebispo. “Parabéns à Arquidiocese do Rio, na pessoa de nosso arcebispo, dom Orani Tempesta, por essa iniciativa. Que o Espírito Santo continue a iluminá-lo neste caminho de solidariedade e tolerância. Minha solidariedade aos que professam outro credo que não o nosso, mas que têm na paz e na solidariedade com o outro, sua profissão de fé”, disse Jandira Gomes de Azevedo.

Outra internauta, Vânia Mousinho, considerou “muito louvável” a atitude de Dom Orani. “É necessário trabalharmos contra a intolerância religiosa não só no Brasil mas também em outros países. ‘Amar a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo'”.

"Sangue dos mártires é semente de unidade da Igreja, diz Papa"

Em encontro com Patriarca Sírio-Ortodoxo, Papa reforçou que o sangue dos mártires é um fator de unidade na Igreja; para ele, o que une é maior que o que divide


Jéssica Marçal
Da Redação

O Papa Francisco encontrou-se nesta sexta-feira, 19, com o Patriarca Sírio-Ortodoxo de Antioquia e de todo o Oriente, Sua Santidade Mor Ignatius Aphrem II. A ocasião foi mais uma oportunidade para Francisco reiterar a fraternidade entre ambas as Igrejas e destacar a união estabelecida pelo sangue dos mártires.

O Patriarca Ignatius Aphrem II e o Papa Francisco, que se encontraram nesta manhã / Foto: Montagem-Arquivo

Francisco reconheceu que a Igreja Síria Ortodoxa de Antioquia é uma Igreja de mártires, já que continua a sofrer, junto a outras comunidades cristãs e outras minorias, as consequências da guerra, da violência e das perseguições. “Quanta dor! Quantas vítimas inocentes! Diante de tudo isso, parece que os poderosos deste mundo são incapazes de encontrar soluções”.

O Santo Padre recordou, por exemplo, dois religiosos dessa Igreja que foram sequestrados há mais de dois anos: o Metropolita Mor Gregorios Ibrahim e o Metropolita da Igreja Greco-Ortodoxa Paul Yazigi.

“Peçamos também ao Senhor a graça de estarmos sempre prontos ao perdão e sermos operadores de reconciliação e de paz. Isso é o que anima o testemunho dos mártires. O sangue dos mártires é semente de unidade da Igreja e instrumento de edificação do reino de Deus, que é reino de paz e de justiça”.

Nos momentos de provação e de dor, segundo o Papa, é preciso reforçar ainda mais os laços de amizade e de fraternidade entre a Igreja católica e a Igreja Sírio-Ortodoxa. “Vamos trocar os tesouros das nossas tradições como dons espirituais, porque aquilo que nos une é bem superior àquilo que nos divide”.


quinta-feira, 18 de junho de 2015

"Encíclica de Francisco é um convite à conversão ecológica"

O documento é um convite à conversão para as questões ecológicas e uma tomada de consciência sobre o cuidado para com a criação

Padre Roger Araújo

A nova Encíclica do Papa Francisco, intitulada “Louvado sejas meu Senhor”, foi inspirada no mais lindo cântico de São Francisco de Assis sobre a criação divina, no qual o santo, num êxtase de amor e cuidado com a natureza, reconhece a grandeza de Deus em cada obra de sua criação. O documento não é um tratado sobre cuidados ecológicos, tão pouco uma visão teológica sobre a natureza. O Papa tem a preocupação de fazer um texto em que todos os seres humanos, independente de sua fé e crença, possa refletir e repensar suas atitudes diante de uma grave crise ambiental que ameaça todos os seres humanos.

Nova encíclica é um chamado à conversão ecológica / foto: reprodução CTV

Mesmo enfatizando a questão de uma crise ecológica mundial e apresentando as consequências graves que tudo isso traz para a nossa vida prática e os riscos que todos nós corremos diante dessas ameaças para com a natureza, o documento é altamente animador e positivo. É muito difícil ler a encíclica e não despertar para a necessidade de prestar mais atenção na natureza e no mundo que está à nossa volta. É uma chamada de atenção para a responsabilidade pessoal e coletiva que devemos ter para com a nossa casa comum, que é a terra onde habitamos. Sem uma consciência ecológica pessoal e universal, seremos cúmplices e culpados por deixar se deteriorar nossa própria casa.

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O documento é um convite de conversão às questões ecológicas e uma tomada de consciência sobre a importância que precisamos dar a todos os detalhes da criação. Ele procura não entrar em contradição com a evolução tecnológica e os avanços da ciência, e reconhece a importância que cada coisa tem para o bem e a evolução da humanidade. O Papa enfatiza a importância de cada ciência e a contribuição que cada uma tem dado para uma sociedade melhor. Mas cada ciência e cada avanço científico ou tecnológico que não preserva ou cuida da nossa casa comum constitui mais um ameaça do que um bem para todos nós. Corremos o sério risco de nos deslumbrarmos com as tecnologias e não reverenciarmos e cuidarmos com a solicitude necessária do bem maior, que é a vida planetária com todas as diligências que o ecossistema exige.

A preocupação com o meio ambiente é uma questão de ordem econômica, social, geográfica, tecnológica, científica e teológica, mas, sobretudo, antropológica e humanitária. Não se pode pensar uma vida digna para o ser humano, se ele não cuida da casa onde vive nem da harmonia que precisa ter com todos os recursos que dão dignidade e condições à sua sobrevivência. Desmatar florestas, poluir rios a maltratar o meio ambiente é maltratar e descuidar da própria vida humana. A sobrevivência das espécies, a harmonia da natureza, desde o ar que respiramos e a água que tomamos, não são questões aleatórias ou superficiais. São questões vitais para garantimos vida ao planeta e a todos os que nele convivem.

"Apesar da fraqueza, é preciso força para perdoar, diz Papa"

Francisco enfatizou três pontos-chave na homilia de hoje: fraqueza, oração e perdão; não se pode caminhar na vida sem Deus, destacou

Da Redação, com Rádio Vaticano

Francisco destaca que a força do perdão vem de Deus / Foto: L’Osservatore Romano

A fraqueza do ser humano foi o centro da homilia do Papa Francisco nesta quinta-feira, 18. O Santo Padre destacou a necessidade de ter a consciência de que, sem a ajuda de Deus, não se pode caminhar na vida.

A homilia teve como base três pontos: a fraqueza, a oração e o perdão. Francisco reconheceu que, antes de tudo, todos são fracos, uma fraqueza que todos carregam depois da ferida do pecado original.

“Quem acredita ser forte, quem crê que pode se arranjar sozinho é, no mínimo, ingênuo e, no final, acaba derrotado por tantas fraquezas que carrega consigo. A fraqueza que nos leva a pedir ajuda ao Senhor, porque ‘na nossa fraqueza nada podemos sem a tua ajuda’, assim rezamos. Não podemos dar um passo na vida cristã sem a ajuda do Senhor, porque somos fracos. E quem está de pé tem que tomar cuidado para não cair porque é fraco”.

Francisco prosseguiu falando dos que são também fracos na fé. “Todos nós temos fé, todos nós queremos avançar na vida cristã, mas se não estamos conscientes da nossa fraqueza, acabaremos derrotados”.

Oração

O Papa então dirigiu o pensamento à “oração”. Jesus, afirmou, “ensina a rezar”, mas não “como os pagãos”, que acreditavam ser ouvidos com a força das palavras. Francisco recordou a mãe de Samuel, que pedia ao Senhor a graça de ter um filho e, rezando, apenas movia os lábios. O sacerdote que estava ali, afirmou, olhava para ela e estava convencido de que estava bêbada e a repreendeu.

“Movia somente os lábios porque não conseguia falar. Pedia um filho. Reza-se assim ao Senhor. Na oração, como nós sabemos que Ele é bom, sabe tudo de nós e do que precisamos, começamos a dizer a palavra Pai, que é uma palavra humana, certamente, que nos dá vida, mas somente na oração podemos pronunciá-la com a força do Espírito Santo”.

“Começamos a rezar com a força do Espírito que reza em nós”, disse o Papa, “rezar simplesmente assim. Com o coração aberto na presença de Deus que é Pai e conhece, sabe do que nós precisamos ainda antes que façamos o pedido”.

O perdão é uma fortaleza

Francisco chamou a atenção para o perdão, sublinhando como Jesus ensina aos discípulos que, se eles não perdoarem os males dos outros, tampouco o Pai perdoará as suas faltas.

“Podemos rezar bem e chamar Deus de Pai se o nosso coração está em paz com os outros, com os irmãos. Olha Padre, essa pessoa me fez isso e aquilo. Perdoa. Perdoa como Ele lhe perdoará. Assim, a fraqueza que temos, com a ajuda de Deus na oração, se torna fortaleza porque o perdão é uma grande fortaleza. É preciso ser fortes para perdoar, mas essa força é uma graça que nós recebemos do Senhor, pois somos fracos”.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

"Papa: nova Encíclica faz parte da Doutrina Social da Igreja"

No final da Audiência Geral, o Papa convida todos a acolher com ânimo aberto a nova Encíclica, que está em sintonia com a Doutrina Social da Igreja

Da redação, com Rádio Vaticano

O Papa Francisco recordou no final da Audiência Geral que nesta quinta-feira, 18, será publicada a Encíclica “Laudato si”, sobre o cuidado da “casa comum”.

“Esta nossa ‘casa’ está sendo arruinada e isso prejudica a todos, especialmente os mais pobres. Portanto, o meu apelo é à responsabilidade, com base na tarefa que Deus deu ao ser humano na criação: ‘cultivar e preservar’ o jardim em que ele o colocou (cfr Gen 2,15).”

Francisco convida todos a acolher com ânimo aberto este Documento, que está em sintonia com a Doutrina Social da Igreja.

O Programa Brasileiro dedicará suas edições de quinta-feira à publicação da Encíclica, com a cobertura da coletiva de imprensa às 6h da manhã (horário de Brasília) e reportagens especiais. O programa semanal “Em Romaria” também será sobre a “Laudato si“.

"Papa orienta como lidar com o luto na família"

Fé e amor são os caminhos para lidar com a situação de luto, disse ao Papa, ao falar sobre a morte que atinge os membros da família

Jéssica Marçal
Da Redação

Francisco reitera aos fiéis que Jesus venceu a morte de uma vez por todas; a fé é um consolo nos momentos de dor / Foto: Reprodução CTV

O luto na família foi o tema da catequese do Papa Francisco, nesta quarta-feira, 17. O Santo Padre destacou que a fé restitui a esperança das famílias que se encontram nessa situação de dor.

Francisco lembrou aos fiéis que a morte é uma experiência que diz respeito a todas as famílias, mas mesmo sendo uma realidade que faz parte da vida, nunca é vista como algo natural. “A perda de um filho ou de uma filha é como se o tempo parasse. Abre-se um buraco que engole o passado e também o futuro”.

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O Papa disse que a morte na família é como um buraco negro que se abre na vida das famílias e elas não sabem dar uma explicação a isso, chegando, muitas vezes, a colocar a culpa em Deus. “Quanta gente, eu entendo, fica com raiva de Deus, diz blasfêmia. (…) Mas essa raiva é um pouco o que vem da dor grande, da perda de um filho, de uma filha, de um pai, de uma mãe. Isso ocorre continuamente nas famílias”.

A morte física tem também cúmplices, disse o Papa, que são, muitas vezes, piores que ela: ódio, inveja, soberba, avareza… Em síntese, o pecado do mundo trabalha pela morte e a torna ainda mais dolorosa e injusta. Mas, no povo de Deus, muitas famílias demonstram que a morte não tem a última palavra, e esse é um verdadeiro ato de fé, declarou o Papa.

“Todas as vezes em que a família, no luto, encontra a força de preservar a fé e o amor que nos unem àqueles que nos amam, ela impede já agora a morte de pegar tudo”.

O Papa deixou um conselho sobre como enfrentar essa situação de luto: com fé e um maior trabalho de amor. “Na fé, podemos nos consolar um com o outro sabendo que o Senhor venceu a morte de uma vez por todas. Nossos entes queridos não desapareceram na escuridão do nada. A esperança nos assegura que eles estão nas mãos boas e fortes de Deus”.

terça-feira, 16 de junho de 2015

"Papa: pobreza cristã não é ideologia, é centro do Evangelho"

Na homilia de hoje, Papa voltou a reiterar que a pobreza está no centro do Evangelho; é injusto chamar de “comunista” padres ou bispos que falam dos pobres

Da Redação, com Rádio Vaticano

Se tirarmos a pobreza do Evangelho, nada se entenderia da mensagem de Jesus, observou Francisco na Missa de hoje / Foto: L’Osservatore Romano

O Papa Francisco voltou a afirmar, nesta terça-feira, 16, que a pobreza está no centro do Evangelho. A homilia de hoje foi dedicada à contraposição entre riqueza e pobreza. O Pontífice reiterou que é injusto definir como “comunistas” os sacerdotes ou bispos que falam dos pobres.

“A pobreza está no centro do Evangelho. Se tirarmos a pobreza do Evangelho, nada se entenderia da mensagem de Jesus”, disse o Papa. Ele acrescentou que o apóstolo Paulo evidencia qual é a verdadeira riqueza: ter fé, eloquência, ciência, zelo e caridade em abundância. E o apóstolo deixa um convite: visto que tendes tudo em abundância, procurai também distinguir-vos nesta obra de generosidade.

“Se há tanta riqueza no coração, esta riqueza tão grande – o zelo, a caridade, a Palavra e o conhecimento de Deus – façam com que essa riqueza chegue até os bolsos. E essa é uma regra de ouro. Quando a fé não chega aos bolsos, ela não é genuína”.

Francisco destacou a contraposição entre riqueza e pobreza. A Igreja de Jerusalém, por exemplo, é pobre, está em dificuldade econômica, mas é rica, porque tem o tesouro do anúncio evangélico. E essa Igreja de Jerusalém, pobre, enriqueceu a Igreja de Corinto com o anúncio evangélico.

Deixar-se enriquecer pela pobreza de Cristo

Retomando São Paulo, o Papa disse que, sem o anúncio do Evangelho, as pessoas são pobres e Cristo as enriqueceu com a sua pobreza. “Da pobreza vem a riqueza, é uma troca mútua (…) Ser pobre é deixar-se enriquecer pela pobreza de Cristo e não querer ser rico com outras riquezas que não sejam as de Cristo”.

Francisco esclareceu que, quando os fiéis ajudam os pobres, eles não fazem obras de beneficência de modo cristão, embora isso seja bom, seja humano, mas esta não constitui a pobreza cristã de que São Paulo fala. “A pobreza cristã é dar do que é meu ao pobre, inclusive do que é necessário, e não o supérfluo, porque sei que ele me enriquece. E por que o pobre me enriquece? Porque Jesus disse que Ele mesmo está no pobre”.

Esta é a teologia da pobreza, concluiu o Papa, este é o motivo pelo qual a pobreza está no centro do Evangelho, não é uma ideologia. “É justamente esse mistério, o mistério de Cristo que se rebaixou, humilhou-se, empobreceu-se para nos enriquecer. Assim se entende, porque a primeira das bem-aventuranças seja ‘Bem-aventurados os pobres de espírito’. Esse pobre de espírito é percorrer essa estrada do Senhor: a pobreza do Senhor que, também, se rebaixa tanto que agora se faz ‘pão’ para nós, nesse sacrifício. Continua a rebaixar-se na história da Igreja, no memorial da sua paixão, no memorial da sua humilhação, no memorial do seu rebaixamento, no memorial da sua pobreza, e deste ‘pão’ Ele nos enriquece”.